“O fã dos Transformers é um transformista?”
Indagação do ator e humorista Gregório Duvivier na MTV
“Quando conheci Serge Gainsbourg, achei-o arrogante e rude. Sabia que tinha a reputação de ser maluco, malvado e perigoso, mas isso era algo de que eu gostava. Certa noite, ele organizou um jantar no Chez Régine, em Paris, e eu o arrastei para a pista de dança. Ele pisava nos meus pés o tempo todo, e eu achei maravilhoso, adoro homens que não sabem dançar _ e não demorei a descobrir que aquilo que eu via como arrogância era, na verdade, uma extrema timidez. Do Régine, fomos a um clube chamado Rasputin, uma casa russa na qual Serge me dedicou canções e distribuía notas de cem francos como gorjeta aos violinistas. ‘Eles são prostitutos como eu’, me disse. Depois, fomos ao Madame Arthur, uma casa na qual os cavalheiros todos se vestiam como damas, e depois à Place Pigalle, onde Serge serviu champanhe às prostitutas. De repente, estávamos de volta ao hotel Hilton, e o recepcionista perguntou: ‘O quarto de sempre, monsieur Gainsbourg?’. Decidi, então, que tentaria ganhar tempo e por isso fui ao banheiro. Quando saí, Serge estava estendido na cama, completamente bêbado, dormindo profundamente.
Corri até a drugstore do outro lado da rua, comprei o compacto de uma canção chamada Yummy, Yummy, Yummy, I’ve Got Love in My Tummy, encaixei o disco entre seus dedos do pé e fui embora.”
Da atriz inglesa Jane Birkin, uma das mulheres do compositor francês Serge Gainsbourg, morto em 1991
Todo bebê traz esperança e destruição?
A partir de uma reflexão da psicanalista Luciana Saddi
“Lembras-te, Cordélia, de que aos 14 eu ia às noites beijar os pés de papai e algumas vezes chupava-lhe o dedão? Dizias: ‘mas é claro que ele sabe que tu lhe chupas o dedão do pé, deve cagar-se de rir’. Pois tenho certeza de que não sabia. Via-o ressonar em adorável tranquilidade. Como era belo o nosso pai, não? Que coxas! Tu, aos 24, vivias masturbando-te nos fins de semana quando ele começava as intermináveis partidas de tênis. Papai: que te acontece, Cordélia, todos os fins de semana tens uma cara, umas olheiras, um cansaço como se fosses tu a jogar tênis e não eu. E te abraçava. Aí gozavas. Ele nunca entendia aquele teu desmontar-se no momento do abraço: és muito molengona, muito desabada, filha, que te acontece?”
Trecho de Carta de um Sedutor, livro de Hilda Hilst
“Eu te invento, ó realidade.”
De Clarice Lispector
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