A morte é mesmo irreversível?

“Se Lynn está falando com o Christopher Lehmann-Haupt, ela está discutindo um obituário no New York Times. Um obituário quer dizer que John, meu companheiro por 40 anos, está morto. Eu sou tomada pela necessidade de não permitir que ninguém do Los Angeles Times leia isso no New York Times. Eu ligo para um amigo do Los Angeles Times. Quando ele atende, percebo que cometi um erro. Ainda é cedo em Los Angeles, será que o John já está morto em Los Angeles? Que horas eram quando eles avisaram que ele tinha morrido? Já é essa hora em Los Angeles? Se ainda há tempo na Costa Oeste, será que tudo isso precisa acontecer lá? Será que eu levo ele para lá agora mesmo? Se eu desligar e pegar um voo para lá, é possível ter um desfecho diferente no fuso horário do Pacífico?”

Trecho do monólogo O Ano do Pensamento Mágico, baseado no livro autobiográfico da jornalista norte-americana Joan Didion

Deixe um comentário

Contato | Bio | Blog | Reportagens | Entrevistas | Perfis | Artigos | Minha Primeira Vez | Confessionário | Máscara | Livros

Webmaster: Igor Queiroz