“Há uma perturbadora tendência na sociedade americana para o que chamo de ‘terrorismo pessoal’ _uma explosão de raiva contra o sistema e a sociedade em geral. Os praticantes desse estilo americano de terrorismo representam uma nova versão do homem-bomba do Oriente Médio. Eles cometem atos de violência que resultam em sua própria morte, suicídio ou captura pelas autoridades que resultará, sem margem de dúvida, em pena de morte ou prisão perpétua. O exemplo mais comum de terrorismo pessoal são os tiroteios em colégios e campus universitários como o massacre de Columbine, ocorrido em 1999, quando dois adolescentes mataram a tiros 12 estudantes e um professor, feriram outras 21 pessoas e então voltaram suas armas para si próprios.”
Trecho do artigo Lições de terrorismo, à moda americana, do historiador Kenneth Serbin
Nas melenas de Milena, moram mil caracóis.
São indóceis e tão exibidos que esbarrar em Milena é tropeçar, primeiro, nas infinitas melenas de mil caracóis.
As melenas, muitíssimas, ocultam a Milena e, no entanto, quem vê as melenas enxerga só caracóis.
Onde, então, encontrar a Milena se a Milena se encontra perdida no meio de tantas melenas e mil caracóis?
Será que, no fundo, a Milena é melena e, em vez de Milena, existam apenas os mil caracóis?
“Li o primeiro capítulo de Uma Breve História do Tempo quando o Pai ainda estava vivo e fiquei com as botas incrivelmente pesadas ao perceber como a vida é relativamente insignificante e como, se comparada ao universo e ao tempo, a minha existência não faz diferença nenhuma. Enquanto o Pai me botava na cama àquela noite e conversávamos sobre o livro, perguntei se ele podia imaginar uma solução para esse problema. ‘Que problema?’ ‘O problema da nossa relativa insignificância.’ Ele disse ‘Bem, o que aconteceria se um avião largasse você no meio do deserto do Saara e você pegasse um único grão de areia e o movesse um milímetro?’ Falei ‘Eu provavelmente morreria de desidratação.’ Ele disse ‘Estou falando só daquele momento, quando você movesse o pequeno grão de areia. O que isso significaria?’ Eu falei ‘Eu não sei, o quê?’. Ele disse ‘Pense nisso.’ Pensei naquilo. ‘Acho que eu teria movido um grão de areia.’ ‘E isso significaria o quê?’ ‘Significaria que eu movi um grão de areia?’ ‘Significaria que você transformou o Saara.’ ‘E daí?’ ‘E daí? O Saara é um deserto imenso. E existe há três milhões de anos. E você o transformou.’ ‘É verdade’, falei, me sentando. ‘Transformei o Saara!’ ‘E isso significa o quê?’ ‘O quê? Me diga.’ ‘Não estou falando de pintar a Mona Lisa ou achar a cura para o câncer. Estou falando somente de mover um milímetro aquele grãozinho de areia.’ ‘É?’ ‘Se você não tivesse feito isso, a história da humanidade teria sido de um jeito…’ ‘Hum-hum’ ‘Mas você fez, portanto..?’ Fiquei em pé na cama, apontei o dedo para as estrelas de mentirinha e gritei ‘Mudei o curso da história da humanidade!’ ‘Isso mesmo!’ ‘Mudei o universo!’ ‘Mudou.’ ‘Sou Deus!’ ‘Você é ateu.’ ‘Eu não existo!’ Caí de costas de volta na cama, nos braços dele, e rachamos o bico juntos .”
Trecho de Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, romance de Jonathan Safran Foer
Dica de Rafael Tonon
“A gente pula contra a vontade do chão.”
Trecho de O Pé, canção de Karina Buhr
“O que os hospitais fazem com os corações lesados dos pacientes transplantados? Será que jogam fora? Ou mandam para o conserto e depois revendem a países mais pobres? O paciente transplantado tem direito de guardar seu velho coração numa redoma como um estepe para usar em caso de necessidade?”
Trecho do romance Céu de Origamis, de Luiz Alfredo Garcia-Roza
“É O NOSSO AMOR UM AMOR TÃO
DIMINUTO
LAMPEJO DE SEGUNDO
RELÂMPAGO DISSOLUTO
FILETE DUM RIO MINÚSCULO
MICROSCÓPICO LEITO”
Trecho do poema Nosso Amor Ridículo se Enquadra na Moldura dos Séculos, de Waly Salomão
Dica de Sheyla Miranda
Webmaster: Igor Queiroz