Enquanto durmo, meus fantasmas dormem também?
“A marchar no ritmo de braços e pernas
Como bombas bombeando um poço vazio. (…)
A gritar ‘mamãe’
Quando ela não pode ouvir,
E a gritar por ‘deus’
Quando eu não creio nele,
E mesmo que acreditasse nele,
Eu não lhe falaria sobre a guerra,
Como a uma criança não se fala
Dos horrores adultos. (…)
Mas acima de tudo,
Aprendi a sabedoria da camuflagem,
Não ficar visível, não ser reconhecido,
Não me distinguir daquilo que me cerca,
Nem mesmo de quem amo.
Que pensem que sou uma moita
Ou um carneiro,
Uma árvore, a sombra de uma árvore,
Uma cerca viva, numa pedra morta,
Uma casa, o canto de uma casa.”
Trechos do poema O que Aprendi nas Guerras, do israelense Yehuda Amichai.
A tradução é de Millôr Fernandes
– Fomos felizes algumas vezes, não?
– Talvez o melhor seja dizer que, algumas vezes, nós não fomos tristes.
A partir da peça In on It, de Daniel Macivor
Pra sonhar por quase nada
não vou mais sofrer.
Já peguei tanto desvio até chegar aqui
mas de mim mesmo nunca me perdi.
Não vai ser por uma estrela
um vão perfume, um bem querer
nem por mais um vagalume
que eu vou me perder
A partir de Qualquer Caminho, canção de Edu Lobo e Paulo César Pinheiro
“São famosas as fotos de bonobos, uma espécie de macaco de índole pacífica, fazendo sexo em várias posições _coisa que eles praticam mesmo sem fins reprodutivos, apenas para criar laços afetivos. Um novo estudo tenta explicar por que esses animais altamente sociáveis, apelidados de ‘macacos hippies’, são tão dóceis, ao contrário dos seus primos, os chimpanzés, mais agressivos. A ideia é que, de certo modo, os bonobos nunca se tornam adultos. Quem propõe a hipótese é Victoria Wobber, especialista em comportamento animal da Universidade Harvard, dos EUA. A infância dos primatas tem, em geral, como característica o gosto por brincadeiras e diversão. Conforme amadurecem, animais como o chimpanzé se tornam menos sociais, mais individualistas, mesquinhos e agressivos. Wobber levantou a hipótese de que talvez bonobos nunca cheguem a essa fase.”
Trecho da reportagem Biologia explica psicologia de macaco africano “hippie”, do jornalista Ricardo Mioto
Isac já não sabe
se a dor que tem
é sua ou de outro alguém.
A partir de Outro Alguém, samba de Rodrigo Campos
“Nas minhas investigações debaixo do sol, vi que a corrida não é para os ágeis, nem a batalha para os bravos, nem o pão para os prudentes, nem a riqueza para os inteligentes, nem o favor para os sábios: todos estão à mercê das circunstâncias e da sorte. O homem não conhece sua própria hora: semelhantes aos peixes apanhados pela rede fatal, aos passarinhos presos no laço, os homens são enlaçados no momento da calamidade que se arremessa sobre eles de súbito.”
Trecho do Eclesiastes, um dos livros da Bíblia
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