Mesmo que nunca se aprenda
Eu te ensino a fazer renda
Que mais posso te ensinar?
Eu que não porto outra prenda
Que só sei dar vida à trama vã
Rei das belezas fugazes
Talvez te ensine a me ensinar
A partir da canção Tenda, de Caetano Veloso
Mesmo que nunca se aprenda
Eu te ensino a fazer renda
Que mais posso te ensinar?
Eu que não porto outra prenda
Que só sei dar vida à trama vã
Rei das belezas fugazes
Talvez te ensine a me ensinar
A partir da canção Tenda, de Caetano Veloso
“Prefiro a cultura à erudição. Cultura é um conjunto de conhecimentos que nos dá instrumentos para transformar a realidade. Erudição é um conjunto de conhecimentos cuja única utilidade é mostrar que temos… erudição. É a cultura inútil. Existem pelo menos três palavras na língua portuguesa com esse prefixo ‘eru’: erupção, aquela coisa desmedida, exagerada, arrasadora de um vulcão ou a erupção de um furúnculo; eructação, nada mais que um arroto; e erudição, eru-dicção, quando se sabe muito sobre um assunto e se fala, fala, fala. Nenhuma das três me interessa.”
Do ator Paulo José, a partir de um depoimento para o livro Memórias Substantivas, de Tania Carvalho
“O filósofo Alain Badiou nos lembra como a sociabilidade contemporânea parece fascinada pelo ‘amor seguro contra todos os riscos’. Dos sites de relacionamento que prometem encontros sob medida à implementação terapêutica da lógica mercantil que mede relações a partir de custos e benefícios, encontraríamos sempre o mesmo ‘amor securitário’ cada vez mais hegemônico em nossas sociedades liberais. Algo como ‘um arranjo prévio que evita todo acaso, todo encontro e finalmente toda poesia existencial, isto em nome da ausência de risco’. Pois um sujeito que age politicamente a partir do medo e do desejo de segurança tende a reconfigurar até suas relações sociais mais privadas a partir dos mesmos afetos. Ele tende a ver, nas relações amorosas, uma forma de contrato que visa a ‘otimizar’ os sistemas de interesses de duas pessoas privadas. (…)
[Essa posição evidencia] uma recusa fundamental. A recusa em compreender o amor como uma ‘construção de verdade’. Tal expressão é feliz por inicialmente afirmar que há um regime de verdade que se revela no interior de relações amorosas: ‘verdade a respeito de um ponto bastante peculiar, a saber, o que é o mundo quando ele é experimentado a partir do dois, e não do um? O que é o mundo examinado, praticado e vivido a partir da diferença, e não a partir da identidade?’. Nessa recuperação filosófica do amor, ele retorna como modelo de uma vivência da diferença capaz de construir mundos a partir de pontos de vista descentrados.
Tal descentramento significa que, nas relações amorosas, os sujeitos não procuram apenas a conformação do outro a um conjunto de expectativas e imagens fantasmáticas prévias. Eles procuram, mesmo sem saber, esse ponto onde o outro resiste a sua submissão pelo pensamento identitário do Eu. Ponto no qual o outro é capaz de dizer: “Você não vai me dobrar”, não como alguém que impõe uma recusa, mas como alguém que instaura um amor capaz de nos levar a uma região rara onde encontramos coisas desprovidas de gramática, onde precisamos aprender a amar coisas desprovidas de gramática.”
Trecho do artigo Alain Badiou discute o papel político e social do amor, de Vladimir Safatle
“Ao chegar do interior
Inocente, puro e besta,
Fui morar em Ipanema,
Ver teatro e ver cinema era a minha distração.
Foi numa sessão das dez
Que você me apareceu, me ofereceu pipoca,
Eu aceitei e logo em troca
Eu contigo me casei.
Curtiu com meu corpo
Por mais de dez anos
E depois de tal engano
Foi você quem me deixou.
Curtiu com meu corpo
Por mais de dez anos,
E foi tamanho o desengano
Que o cinema incendiou.”
Letra de Sessão das Dez, canção de Raul Seixas
1. Tire o laptop da mala.
2. Ligue o laptop calmamente.
3. Assegure-se de que o vizinho está olhando.
4. Acesse a internet.
5. Feche os olhos por breves momentos, abra-os de novo e dirija o olhar para o céu.
6. Respire profundamente e entre neste site: https://www.myit-media.de/the_end.html.
7. Observe a expressão facial do vizinho.
“Ser Real não vem pronto com você”, disse o Cavalo de Pele. “É uma coisa que acontece com você. Quando uma criança o ama por um longo tempo, não apenas brinca com você, mas o ama REALMENTE, então você vira Real.”
“Dói?”, perguntou o Coelho.
“Às vezes”, disse o Cavalo de Pele, porque ele sempre falava a verdade. “Quando você é Real, não se importa com a dor.”
“Acontece de uma vez, como ser descartado?”, ele perguntou. “Ou aos pouquinhos?”
“Não acontece de uma vez”, disse o Cavalo de Pele. “Você se transforma. Leva muito tempo. É por isso que não acontece com muita frequência com aqueles que se quebram com facilidade, ou com pontas agudas, ou que foram guardados com cuidado. Geralmente, quando chega a hora em que você é Real, a maioria dos seus pelos já foram esfregados de tanto amor, e seus olhos caíram ou suas juntas ficaram molengas e muito encardidas. Mas essas coisas não têm importância nenhuma, porque uma vez que você se torna Real você não pode ser feio, a não ser para aqueles que não entendem.”
Trecho de O Coelho de Veludo, livro de Margery Williams
Dica de Sheyla Miranda
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