Arquivo de julho de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Galanteio à moda antiga

“Vês esse sol de luzes coroado?
Em pérolas a aurora convertida?
Vês a lua de estrelas guarnecida?
Vês o céu de planetas adorado?
O céu deixemos; vês naquele prado
A rosa com razão desvanecida?
A açucena por alva presumida?
O cravo por galã lisonjeado?
Deixa o prado; vem cá, minha adorada:
Vês desse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?
Parece aos olhos ser de prata fina?
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
À vista do teu rosto, Catarina.”

Soneto de Gregório de Matos

terça-feira, 27 de julho de 2010

Engolir o sapo


Quadrinho de Pryscila Vieira
(clique na imagem para ampliá-la)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

24 suspiros por segundo

Saudade é um eterno filme em cartaz?

A partir da canção Saudade, de Moska e Chico Cesar
Interpretada por Moska e Pedro Aznar

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Como se chamam os meus fantasmas?

“Medo de dormir à noite.
Medo de não dormir. (…)
Medo da faxineira que tem uma pinta no queixo!
Medo de cães que supostamente não mordem.
Medo da ansiedade!
Medo de ter que identificar o corpo de um amigo morto.
Medo de ficar sem dinheiro.
Medo de ter demais, mesmo que ninguém vá acreditar nisso.
Medo de perfis psicológicos.
Medo de me atrasar e medo de ser o primeiro a chegar. (…)
Medo de ter que morar com a minha mãe em sua velhice, e na minha.
Medo da confusão.
Medo de que este dia termine com uma nota infeliz.
Medo de acordar e ver que você partiu.
Medo de não amar e medo de não amar o bastante.
Medo de que o que amo se prove letal para aqueles que amo.
Medo da morte.
Medo de viver demais.”

 Trechos do poema Medo, de Raymond Carver

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Por que um relógio de ponto nunca saberá o que é vanguarda?

“Só acredito em poeta experimental que leva uma vida experimental.”

De Roberto Piva, magnífico poeta experimental

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mãos que não esquecem

O toque tem memória?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Já lhe ocorreu devorar uma floresta?



Da série Paisagens Comestíveis, de Ana Teixeira

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Brilho opressor

Vincere, este filme tão operístico, é feito de oposições de luz e sombra. Quantas vezes veremos a silhueta escura dos atores (e da atriz), sob uma luz que os ofusca? É dessa luz maligna que fala o filme. Luz que, para existir, destina à escuridão e ao silêncio o que aparece à sua frente.”

Trecho da crítica de Inácio Araujo sobre Vincere. O filme de Marco Bellocchio conta como o ditador Benito Mussolini perseguiu a ex-amante, Ida Dalser 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

43 anos

“Quando jovem, afoito e aflito
escrevi um poema aos poemas
que ainda não tinha escrito.
Era o desespero da espera e a certeza
que como passageiro de paraquedas
tais versos me saltariam à vista.
Hoje, maduro, confiro
no presente texto dado
o ausente futurado
que nunca escreviverei.
Esse poeta frustro
_ o melhor poeta
dessa aldeia que habitei
dentro de mim
não é melhor
que o melhor amante que julguei ser
_ e certamente não fui.
No entanto, pensei, sabia seduzir
o corpo amado e sempre separar
do trigo
_ o verso errado.
Não fui mestre bastante
para fazê-los perfeitos
porque
ainda que mais-que-perfeitos os quisera
imperfeitos sabiam ser.
Não fui avaro o bastante na madrugada
para levar o melhor fruto ao mercado,
nem o robusto ferreiro com o fero verso afiado,
nem cheguei a crescer tanto na selva
que ao cair
abrisse a clareira de um feriado.
_ Quem é o melhor de nós?
já não é mais um problema que me tange.
Posso rimar lua com alfanje
ou tomar banho no Ganges
_ como uma rês do rebanho.
Também não mais concorro
no festival dos mais sórdidos,
nem saio por aí correndo com um saltério
a me inscrever no coral de arcanjos.
Aqui estou, poeta frustro e manqué
abrindo mão de seus truques
_ sem mesmo saber por quê.”

Trecho de Poema Manqué, de Affonso Romano de Sant’Anna

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dormir demais é um perigo


Quadrinho de Laerte
(clique na imagem para ampliá-la)
 
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