“Agora já passa da hora
Tá lindo lá fora
Larga a minha mão
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão”
“Agora já passa da hora
Tá lindo lá fora
Larga a minha mão
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão”
“A vida é desperdício.”
“- Você tem filhos?
– Tenho uma filha. Por que não teria? Sou uma mulher adulta com um marido e uma filha que eu tenho de alimentar. Por que a surpresa? Por que mais eu passaria tanto tempo no supermercado?
– Por causa da música?, ele sugeriu.
– E você? Tem família?
– Tenho um pai que mora comigo. Ou eu moro com ele. Mas não tenho família no sentido convencional. Minha família já era.
– Esposa? Filhos?
– Nem esposa, nem filhos. Voltei a ser um filho.
Elas sempre me interessaram, essas conversas entre seres humanos em que as palavras não têm nada a ver com o tráfego de pensamentos pela cabeça. Enquanto ele e eu conversávamos, por exemplo, minha lembrança lançou a imagem visual do estranho realmente repulsivo, com pelos pretos cerrados saindo das orelhas e do colarinho da camisa, que no último churrasco tinha, muito tranquilamente, posto a mão no meu traseiro enquanto eu me servia de salada: não me acariciou nem beliscou, simplesmente segurou a minha nádega com a mãozona. Se essa imagem estava dominando minha mente, o que poderia estar dominando a mente daquele outro homem ali, menos hirsuto? E que sorte a maioria das pessoas, mesmo gente que não era boa em mentir direto, ter competência suficiente ao menos para não revelar o que está acontecendo por dentro, nem pelo menor tremor de voz, nem pela dilatação da pupila!”
“No alto
do Viaduto o louco colava pedacinhos de céu
na camisa de força
destruindo o horizonte a marteladas”
“Numa planície, viviam um urubu e um pavão. Certo dia, o pavão refletiu:
– Sou a ave mais bonita do mundo. Tenho uma plumagem colorida e exuberante, mas não consigo voar. Feliz é o urubu, que pode voar para onde quiser.
O urubu, por sua vez, também refletia no alto de uma árvore:
– Como sou infeliz, a ave mais feia do reino animal! E ainda tenho de voar e aguentar que todos me vejam. Quem me dera ser belo feito aquele pavão.
Foi quando ambos tiveram uma ideia brilhante: poderiam cruzar e, assim, gerariam um descendente capaz de voar como o urubu e tão gracioso quanto o pavão. O casal, então, se reproduziu e deu à luz o peru, que é muito feio e não voa.
Moral da história? Se a coisa está ruim, não faça gambiarra, que piora.”
Para indagar-lhe algo, clique aqui.
“Um dia
Encontrei Rosa Maria
Na beira da praia a soluçar
Eu perguntei o que aconteceu
Rosa Maria me respondeu
O nosso amor morreu
Não sei ainda explicar qual a razão
De Rosa Maria desprezar meu coração
Eu fazia-lhe toda a vontade
Será que ela tem outra amizade?”
As frestas da janela desenham sombras ou sustos no chão?
Não alimente os animais
(nem as ilusões)
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