“Embora milhões de pessoas tenham observado horrorizadas quando as Torres Gêmeas se desintegraram no 11 de Setembro, a poeira que delas exalou permaneceu um mistério. Mesmo com a ciência mais avançada, ainda não sabemos o que a mistura perversa de pó, cinza e materiais tóxicos causou quando pousou no fundo dos pulmões arquejantes dos socorristas. Não sabemos que curto-circuito ela terá gerado em seus sistemas imunológicos, nem como brincou com seus genes. E não saberemos por muitos anos se ela combinou com outros venenos para acelerar ou exacerbar ataques cancerígenos nos corpos das pessoas que foram cobertas por ela. (…)
A cidade de Nova York, em certo ponto, calculou que mais de 500 mil pessoas podem ter sido afetadas de alguma forma pela poeira. Afinal, milhares de pessoas de todo o país vieram para Nova York naquele momento trágico para trabalhar nos escombros. Milhões viram as torres cair e simpatizaram com os que ficaram feridos no exercício do seu trabalho. Sob muitas circunstâncias, a sociedade americana celebra os esforços dos que respondem a emergências. Mas em Nova York algumas dessas pessoas foram quase esquecidas. A reconstrução dolorosamente lenta do Marco Zero recebe mais atenção que a saúde dos que responderam ao desastre. Mesmo enquanto crescem as fileiras dos doentes, estes ficam cada vez mais apagados contra o pano de fundo. E não foram só os socorristas que foram atingidos pelo pó. Moradores, trabalhadores, cientistas, médicos, advogados e políticos sentiram a poeira de alguma forma. A história das vítimas dos efeitos do 11 de Setembro, contada pelas experiências pessoais dos indivíduos cujas vidas jamais foram as mesmas desde aquele dia, é um capítulo negligenciado de um dos acontecimentos mais extraordinários de nosso tempo.”
Trecho de City of Dust: Illness, Arrogance and 9/11, livro do jornalista Anthony Depalma sobre os males que a poeira levantada pela queda das Torres Gêmeas provocou em quem trabalhou nos escombros
Publicado
terça-feira, 14 de setembro de 2010 às 7:16 pm e categorizado como Blog.
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Fazer o bem faz bem?
“Embora milhões de pessoas tenham observado horrorizadas quando as Torres Gêmeas se desintegraram no 11 de Setembro, a poeira que delas exalou permaneceu um mistério. Mesmo com a ciência mais avançada, ainda não sabemos o que a mistura perversa de pó, cinza e materiais tóxicos causou quando pousou no fundo dos pulmões arquejantes dos socorristas. Não sabemos que curto-circuito ela terá gerado em seus sistemas imunológicos, nem como brincou com seus genes. E não saberemos por muitos anos se ela combinou com outros venenos para acelerar ou exacerbar ataques cancerígenos nos corpos das pessoas que foram cobertas por ela. (…)
A cidade de Nova York, em certo ponto, calculou que mais de 500 mil pessoas podem ter sido afetadas de alguma forma pela poeira. Afinal, milhares de pessoas de todo o país vieram para Nova York naquele momento trágico para trabalhar nos escombros. Milhões viram as torres cair e simpatizaram com os que ficaram feridos no exercício do seu trabalho. Sob muitas circunstâncias, a sociedade americana celebra os esforços dos que respondem a emergências. Mas em Nova York algumas dessas pessoas foram quase esquecidas. A reconstrução dolorosamente lenta do Marco Zero recebe mais atenção que a saúde dos que responderam ao desastre. Mesmo enquanto crescem as fileiras dos doentes, estes ficam cada vez mais apagados contra o pano de fundo. E não foram só os socorristas que foram atingidos pelo pó. Moradores, trabalhadores, cientistas, médicos, advogados e políticos sentiram a poeira de alguma forma. A história das vítimas dos efeitos do 11 de Setembro, contada pelas experiências pessoais dos indivíduos cujas vidas jamais foram as mesmas desde aquele dia, é um capítulo negligenciado de um dos acontecimentos mais extraordinários de nosso tempo.”
Trecho de City of Dust: Illness, Arrogance and 9/11, livro do jornalista Anthony Depalma sobre os males que a poeira levantada pela queda das Torres Gêmeas provocou em quem trabalhou nos escombros
Publicado terça-feira, 14 de setembro de 2010 às 7:16 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.