Em dois livros recentes, o filósofo francês Pierre Musso “traça um paralelo entre os percursos do presidente da França, Nicolas Sarcozy, e do presidente do Conselho da Itália, Silvio Berlusconi, com o objetivo de explicar a nova práxis política da Europa, que chama de ‘neopolítica’. Nela, o populismo se mescla com o neoliberalismo e com o uso intensivo das técnicas de marketing. O resultado é um cenário marcado pela divisão, no qual o candidato ou o governante se apoia apenas em um segmento da sociedade que o sustenta, sendo recusado pelo outro.
Para chegar ao poder ou se manter nele, o sarkoberlusconismo lança mão de duas ferramentas: a fascinação e o medo. No primeiro caso, ele tenta cativar a opinião pública mesclando vidas públicas e privadas, transformando o exercício do poder em uma espécie de telenovela. No segundo, explora o terror. Daí surgem o medo do estrangeiro (a xenofobia), do muçulmano (a islamofobia), da globalização (o protecionismo), entre outros. ‘Essa forma de governo paralisa a opinião pública’, diz Musso.”