Hay que endurecer, pero sin perder el espectáculo de delfines jamás
“No final da manhã, (…) nos encontramos com Fidel na entrada do aquário de Havana. (…) Entramos juntos numa sala grande, de luz azulada, cuja parede dos fundos era formada por um tanque envidraçado para os golfinhos. Fidel explicou longamente que o show dos golfinhos daquele aquário era o melhor do mundo, ‘completamente único’, na verdade, porque acontece debaixo d’água. Três mergulhadores entram, sem tubos de oxigênio, e realizam complicadas acrobacias com os golfinhos.
‘Você gosta de golfinhos?’, perguntou Fidel.
‘Adoro golfinhos’, disse eu.
Fidel chamou Guillermo García, o diretor do aquário, e o convidou a se sentar.
‘Goldberg’, me disse Fidel, ‘faça perguntas sobre os golfinhos.’
‘Que tipo de pergunta?’, indaguei.
‘Você é jornalista, faça boas perguntas’, ele disse, e depois se deteve. ‘Pois é, ele não sabe muita coisa sobre golfinhos’, acrescentou, apontando para García. ‘Na verdade, é físico nuclear.’
‘É mesmo?’, perguntei.
‘Sou’, respondeu García, em tom um tanto defensivo.
‘Por que você dirige o aquário?’, perguntei.
‘Nós o pusemos aqui para impedi-lo de construir bombas atômicas!’, disse Fidel, e caiu na risada.
‘Em Cuba, só usaríamos a energia nuclear para fins pacíficos’, disse García, sério.
‘Não achei que estivesse no Irã’, comentei.
Fidel apontou o tapetinho sob a cadeira especial que seus guarda-costas carregam para acomodá-lo. ‘É persa!’, disse, rindo de novo. Depois repetiu: ‘Goldberg, faça suas perguntas sobre golfinhos’.
Era a minha vez de estar na berlinda. Voltei-me para García e perguntei: ‘Quanto pesa um golfinho?’.
Ele respondeu que entre 100 e 150 quilos.
‘Como vocês treinam os golfinhos para fazer o que fazem?’, perguntei.
‘Boa pergunta’, comentou Fidel.
García convocou uma das veterinárias do aquário para ajudar a responder. O nome dela era Celia. Minutos mais tarde, Antonio Castro, filho de Fidel, me revelou o sobrenome dela: Guevara.
‘Você é filha do Che?’, eu perguntei.
‘Sou.’
‘E trabalha como veterinária de golfinhos?’
‘Cuido de todos os habitantes do aquário.’
‘O Che gostava muito de animais’, comentou Antonio Castro.
O show estava para começar. As luzes foram diminuídas e os mergulhadores entraram na água. Sem me esforçar demais para descrever, vou me limitar a dizer que, mais uma vez, e para minha surpresa, concordei com Fidel: o aquário de Havana oferece um show de golfinhos fantástico, o melhor que já vi – e, pai de três filhos que sou, já assisti a vários shows de golfinhos. Tenho o seguinte a acrescentar: nunca vi alguém se divertir tanto num show de golfinhos quanto Fidel Castro.”
Trecho de Fidel Não É Carta Fora do Baralho, reportagem do norte-americano Jeffrey Goldberg, que esteve em Cuba recentemente a convite do próprio Fidel. Durante a visita, ouviu de El Comandante a inusitada declaração de que “o modelo cubano não funciona mais”
Publicado
terça-feira, 5 de outubro de 2010 às 11:59 pm e categorizado como Blog.
Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.
Hay que endurecer, pero sin perder el espectáculo de delfines jamás
“No final da manhã, (…) nos encontramos com Fidel na entrada do aquário de Havana. (…) Entramos juntos numa sala grande, de luz azulada, cuja parede dos fundos era formada por um tanque envidraçado para os golfinhos. Fidel explicou longamente que o show dos golfinhos daquele aquário era o melhor do mundo, ‘completamente único’, na verdade, porque acontece debaixo d’água. Três mergulhadores entram, sem tubos de oxigênio, e realizam complicadas acrobacias com os golfinhos.
‘Você gosta de golfinhos?’, perguntou Fidel.
‘Adoro golfinhos’, disse eu.
Fidel chamou Guillermo García, o diretor do aquário, e o convidou a se sentar.
‘Goldberg’, me disse Fidel, ‘faça perguntas sobre os golfinhos.’
‘Que tipo de pergunta?’, indaguei.
‘Você é jornalista, faça boas perguntas’, ele disse, e depois se deteve. ‘Pois é, ele não sabe muita coisa sobre golfinhos’, acrescentou, apontando para García. ‘Na verdade, é físico nuclear.’
‘É mesmo?’, perguntei.
‘Sou’, respondeu García, em tom um tanto defensivo.
‘Por que você dirige o aquário?’, perguntei.
‘Nós o pusemos aqui para impedi-lo de construir bombas atômicas!’, disse Fidel, e caiu na risada.
‘Em Cuba, só usaríamos a energia nuclear para fins pacíficos’, disse García, sério.
‘Não achei que estivesse no Irã’, comentei.
Fidel apontou o tapetinho sob a cadeira especial que seus guarda-costas carregam para acomodá-lo. ‘É persa!’, disse, rindo de novo. Depois repetiu: ‘Goldberg, faça suas perguntas sobre golfinhos’.
Era a minha vez de estar na berlinda. Voltei-me para García e perguntei: ‘Quanto pesa um golfinho?’.
Ele respondeu que entre 100 e 150 quilos.
‘Como vocês treinam os golfinhos para fazer o que fazem?’, perguntei.
‘Boa pergunta’, comentou Fidel.
García convocou uma das veterinárias do aquário para ajudar a responder. O nome dela era Celia. Minutos mais tarde, Antonio Castro, filho de Fidel, me revelou o sobrenome dela: Guevara.
‘Você é filha do Che?’, eu perguntei.
‘Sou.’
‘E trabalha como veterinária de golfinhos?’
‘Cuido de todos os habitantes do aquário.’
‘O Che gostava muito de animais’, comentou Antonio Castro.
O show estava para começar. As luzes foram diminuídas e os mergulhadores entraram na água. Sem me esforçar demais para descrever, vou me limitar a dizer que, mais uma vez, e para minha surpresa, concordei com Fidel: o aquário de Havana oferece um show de golfinhos fantástico, o melhor que já vi – e, pai de três filhos que sou, já assisti a vários shows de golfinhos. Tenho o seguinte a acrescentar: nunca vi alguém se divertir tanto num show de golfinhos quanto Fidel Castro.”
Trecho de Fidel Não É Carta Fora do Baralho, reportagem do norte-americano Jeffrey Goldberg, que esteve em Cuba recentemente a convite do próprio Fidel. Durante a visita, ouviu de El Comandante a inusitada declaração de que “o modelo cubano não funciona mais”
Publicado terça-feira, 5 de outubro de 2010 às 11:59 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.