Toda separação é ainda um modo de união?
“Um dia desses você vai ficar lembrando de nós dois
e não vai acender a luz do quarto quando o sol se for
bem abraçada no lençol da cama vai chorar por nós
pensando no escuro ter ouvido o som da minha voz
vai acariciar seu próprio corpo e na imaginação
fazer de conta que a sua agora é a minha mão
mas eu não vou saber de nada do que você vai sentir
sozinha no seu quarto de dormir.
No cine-pensamento eu também tento reconstituir
as coisas que um dia você disse pra me seduzir
enquanto na janela espero a chuva que não quer cair
o vento traz o riso seu que sempre me fazia rir
e o mundo vai dar voltas sobre voltas ao redor de si
até toda memória dessa nossa história se extinguir
e você nunca vai saber de nada do que eu senti
sozinho no meu quarto de dormir.”
Fez a minha opinião sobre o assunto o livro “Nas Tuas Mãos”, de Inês Pedrosa: “A separação pode ser o ato de absoluta e radical união, a ligação para a eternidade de dois seres que um dia se amaram demasiado para poderem amar-se de outra maneira, pequena e mansa, quase vegetal”.
Ela continua:
“Só nós dois sabemos que não se trata de sucesso ou fracasso. […] É uma forma de amor inviável, que, por isso mesmo, não tem fim”.