Arquivo de dezembro de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Chamego

– Ontem, depois de uma briga feia, minha mulher disse que quer se separar.
– Jura? E você?
– Respondi na lata: “Agora não adianta me agradar, não!”

Entreouvido na fila do cinema

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Exangue

Se a manhã corta a noite, por que a noite não sangra?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

E vos, que tienes ahí?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quem disse que não malho?

“Meu verso cínico é minha terapêutica
e minha ginástica. Nele me penduro
e ergo, em sua precisão de barra fixa.
Nele me exercito em pino flexível,
sílaba a sílaba, movimento controlado
de pulso, e me volteio aparatoso
na pirueta lograda, no lance bem ritmado.
Há um sorriso discreto em minha segurança.
Porém, se às vezes me estatelo, folha seca
(o verso é difícil e escorregadio), meu verso,
como de vós, ri-se de mim em ar de troça.”

Ginástica Aplicada, poema do moçambicano Rui Knopfli 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Preparado? Não, nunca estarei

“I can’t go on, I’ll go on.”

Trecho de O Inominável, romance do irlandês Samuel Beckett

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A precariedade nos distingue?

“Estilo é a deficiência que faz com que um autor só consiga escrever como pode.”

Do poeta Mario Quintana

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E o relógio parou…

As seis últimas palavras que proferiu antes de morrer dormindo:
“Para que horas boto o despertador?”

A partir de Le Chat, quadrinho do belga Philippe Geluck

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Barca furada

“Tive uma experiência maravilhosa uma vez na África, trabalhando com a ONU, quando o presidente de um país me recebeu para discutir questões ligadas a refugiados e me perguntou: ‘O que você faz?’. Falei: ‘Sou atriz’. Ele respondeu: ‘Ouvi dizer que essa é uma profissão muito dura. Talvez não seja a opção mais inteligente’.”

De Angelina Jolie 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Você já pensou que palavras podem pesar tanto quanto tijolos?

“Escrever romances, para mim, é basicamente um tipo de trabalho braçal. Escrever, em si mesmo, é um trabalho mental, mas terminar um livro inteiro está mais próximo do trabalho braçal. Não envolve levantar peso, correr ou pular. A maioria das pessoas, contudo, enxerga apenas a realidade superficial da escrita e acha que os escritores vivem silenciosamente concentrados em um trabalho intelectual em seu gabinete ou escritório. Basta ter força para erguer uma xícara de café, imaginam, que você pode escrever um romance. Mas assim que você arregaça as mangas para começar, percebe que não é um trabalho tão tranquilo como parece. O processo todo _sentar em sua mesa, concentrar sua mente como se fosse um raio laser, imaginar alguma coisa em um horizonte vazio, criando uma história, escolhendo as palavras adequadas, uma a uma, mantendo todo o fluxo da história nos trilhos_ exige muito mais energia, por um longo período, do que imagina a maioria das pessoas. Pode ser que você não mova seu corpo de um lado para outro. Ainda assim, há um exaustivo e dinâmico trabalho operando dentro de você. Todo  mundo usa a mente quando pensa. Um escritor, no entanto, veste um traje chamado narrativa e pensa com todo o seu ser; e para o romancista esse processo exige pôr em ação toda a sua reserva física, geralmente ao ponto da estafa.”

Trecho do livro Do que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida, de Haruki Murakami

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O tempo passa, mas certas discussões continuam as mesmas

“Reflexão do dia. Não existem mais crianças. Todas são terrivelmente adultas. A televisão conferiu-lhes maioridade, à revelia das leis e do desenvolvimento natural. Também quase não existem mais mulheres. A maioria acha que, imitando os homens, conquista independência. Sacrificaram graças específicas e não alcançaram independência. Muitas são objetos sexuais que veem nos homens objetos sexuais. Valeu a pena?”

Trecho do diário de  Carlos Drummond de Andrade escrito no dia 2 de janeiro de 1975
Dica de André Nigri
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