Se o guarda-chuva guarda realmente a chuva, por que a chuva guardada não chove na gente quando o abrimos?
Se o guarda-chuva guarda realmente a chuva, por que a chuva guardada não chove na gente quando o abrimos?
” – Outro dia soube que seu filho ameaçou suicidar-se, subindo no alto do viaduto…
– Suicidar? Meu filho? _ seu Marciano arregalou os olhos, voltou-se para dentro:
– Eduardo!
Eduardo veio até a sala.
– Estão dizendo que você ameaçou se suicidar, subindo no viaduto.
– Eu? Suicidar? Quem disse isso?
– Meu filho me disse que você… _ começou o pai de Hugo.
Eduardo o interrompeu:
– Não tem perigo nenhum. Estou acostumado a saltar do último trampolim, lá na piscina.
– E posso saber que proveito você tira, arriscando assim a vida?
– Posso saber que proveito vocês tiram, não arriscando a sua?”
“Este ano eu vou virar
Um pop star
Três banheiros
E muita sala de estar
Este ano eu vou achar
O meu lugar
Barba e cabelo
E um aparelho de jantar
Cinquenta anos já se passaram
Pra eu pescar
Ao sucessão dos meus fracassos
Quero brindar”
“Vivo em ti minha tímida ternura.”
“Ele nunca está feliz, sabe? Primeiro, me dizia que precisava de espaço. Mal conseguiu e já reclama que precisa de ar.”
“Num carro, a caminho do Alto da Boa Vista, sigo com alguns jovens _alguns extremamente jovens_ que se embriagam e rompem ampolas de Kelene, em cujo rótulo leio anestesiante. Sim, é fértil em recursos essa mocidade, mas do que precisamente procura ela se anestesiar? Nenhum deles sofre de algum mal profundo _e no entanto, esse mal pior de não sofrer de mal nenhum…”
…um espírita?
“Volto já.”
…um arqueólogo?
“Enfim, fóssil.”
…um delegado?
“Está olhando o quê? Circulando, circulando….”
…um funcionário público?
“É no túmulo ao lado”.
…um pessimista?
“Aposto que faz o maior frio no inferno.”
…um advogado?
“Vou recorrer!”
“O amor seria fogo ou ar
em movimento, chama ao vento;
e no entanto é tão duro amar
este amor que o seu elemento
deve ser terra: diamante,
já que dura e fura e tortura
e fica tanto mais brilhante
quanto mais se atrita, e fulgura,
ao que parece, para sempre:
e às vezes volta a ser carvão
a rutilar incandescente
onde é mais funda a escuridão;
e volta indecente esplendor
e loucura e tesão e dor.”
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