“Nas raras vezes em que se apresenta num palco, João Gilberto quer se fazer incorpóreo. O terno marrom da Brooks Brothers, a camisa azul-celeste da YSL, a gravata e os sapatos italianos têm a função de torná-lo invisível. Só o violão e a voz devem existir. (…) O mundo não existe. Existe apenas a música. E mesmo esta é para ser cantada cada vez mais baixinho, num sopro, num sussurro, quase que só em pensamento _única forma, para João, de vencer a cacofonia que o mundo insiste em produzir.”
– Gosta de mim?
– Gosto.
– Quanto?
– Muito.
– Tão pouco?
– Muitíssimo.
– Mais do que de você mesmo?
– Talvez menos.
– Eu sabia!
– O quê?
– Você tem outra pessoa…
“Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
Que esta situação dura há tempo demais
E parva eu não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.”
A fotógrafa Elisa Mendes e a publicitária Steffania Paola, ambas de Belo Horizonte, selaram o pacto de fazer algo pela primeira vez em cada um dos 365 dias de 2011. Para divulgar as experiências inéditas, criaram o blog 365 Nuncas. Visite-o aqui e divirta-se
– Me sinto muito só. E agora?
– Bem-vindo à turma!
Pego a ponte aérea e encontro a bordo um membro da Academia Brasileira de Letras. Significa que o avião não cairá?
“Eis o que dizia um dos cartazes da Marcha das Vagabundas, ocorrida sábado passado em São Paulo: ‘Acredite ou não, minha saia curta não tem NADA a ver com você’. A ficha caiu, não sem alguns arranhões internos, no meu cérebro de meia-idade. Nada a ver comigo? Nada mesmo? Rememorei brevemente várias das saias curtas que vi ao longo da vida. E era verdade: por mais que eu quisesse, não queriam nada comigo. Fui ignorado, fui desprezado na maior parte das vezes; confesso que frequentemente tomei isso como ofensa pessoal. Minha reação, na teoria pelo menos, foi reagir como todo machista padrão. ‘Se elas se vestem assim, como é que não querem que eu me interesse?’ Mas a ficha, ao cair, deu sua resposta a essa questão. Há muitas razões, fiquei pensando, para uma mulher usar uma minissaia espetacular. Pode estar se mostrando linda para o namorado, para ela mesma, ou para o mundo _o mundo em geral… Acontece que o ‘machão’, ou, arrisco-me a dizer, a maioria dos homens, sente-se pessoalmente interpelado pela minissaia da mulher belíssima. ‘É comigo’, pensa ele. ‘Afinal, não sou o centro do mundo?'”
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