“Há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.”
“Há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.”
“Sou quem sou.
Inconcebível acaso
como todos os acasos.”
– Preciso fazer supermercado. Vamos dar um pulinho no Pão de Açúcar?
– Não posso.
– Por quê?
– Porque o Pão de Açúcar é lugar de gente feliz.
“- Você por acaso se preocupa com os pobres?
– Claro! Eles andam armados!”
Já reparou? Quem tem dor de cotovelo dificilmente dá o braço a torcer.
“Pra você que mal enxerga
Um incêndio na floresta, no meio da escuridão
Pra você que mal enxerga
Uma estrela, um vagalume numa noite de verão
Pra você que mal enxerga
Uma nave extraterrena vai ser sempre um avião
Um satélite perdido, um delírio coletivo
Um balão de São João
Por isso, chega mais pra perto, cabra cega
E pega na minha mão
Tira a venda, enxerga
Abre a janela e os olhos do coração”
“É esperado que sejamos nestes próximos dias bombardeados com detalhes da vida do menino que atirou na professora e se matou: suas leituras, amizades, humores, ascendência familiar, credos, hábitos, notas escolares, desenhos, bilhetes eletrônicos, tiques, sexualidade, estranhezas. Tudo é bom, tudo serve, para a tentativa desesperada de estabelecer um nexo causal. Somos filhos do Iluminismo. Aprendemos desde pequenos que tudo tem uma razão de ser e, se não compreendemos, a falha não está no saber _pois o saber é sem falha_, mas no raciocínio imperfeito. A sociedade ainda não suporta constatar que a pós-modernidade nos fez órfãos do Iluminismo porque isso é desesperador. E agora que a festa do ‘tudo é explicável’ acabou? Como suportar não saber se aquele garoto um pouco arredio não é o próximo assassino de si mesmo ou de alguém? Se insistirmos em causalidades forçadas, vamos criar uma sociedade irrespirável. Afinal, qual de nós não tem a sua esquisitice? Já se fala que a professora teria notado um comportamento diferente no menino e não lhe teriam dado atenção. Já se fala que o pai deveria ter prevenido a direção da escola sobre o desaparecimento da arma. Como é fácil ser profeta do passado! Duro é constatar que estamos em uma época na qual esses crimes inusitados são um dos tipos de manifestação. (…) Quem duvida que uma das interpretações que mais vai se fazer é a de que o menino se identificou com o pai policial? Ou que, ao contrário, para provocar o pai, teve um comportamento de bandido? Ou, pior, que por ódio ao pai se matou com seu instrumento? Estamos desbussolados. Os sintomas de nossa inaptidão para viver neste novo mundo estão sendo tragicamente anunciados. Ontem, foi o moço da Noruega; hoje, o garoto brasileiro. Tão distantes e tão perto. Quando tudo parecia tão bem, tão perfeito: bom filho, boas notas, ia à igreja e até tocava bateria… ocorre o acidente, o fato inusitado, que nos deixa pasmados, ignorantes de nossa condição humana.”
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