Quando foi que nos desconhecemos?
Quem traduziu pela primeira vez uma língua para outra língua? E o que o moveu: a ânsia de dividir conhecimentos ou a de impô-los?
“Todo homofóbico não passa de uma bicha enrustida. No fundo, está fugindo do Eros dele. Meu irmão, Luís Antônio Martinez Correa, foi assassinado com 107 facadas. Sete facadas matam um homem. Para que as outras? O que um cara está querendo matar ao apunhalar um cadáver? Está querendo matar algo que se encontra nele e que ele não pode destruir.”
Esfera é uma palavra gorda?
Bicicleta é uma palavra magra?
Envelope é uma palavra achatada?
Brasão é uma palavra engomadinha?
Felpudo é uma palavra descabelada?
Escama é uma palavra com rugas?
Fantasma é uma palavra pálida?
Rumba é uma palavra morena?
Para não perder o coração, é preciso perder o fôlego de vez em quando?
“O fato de o Gil, o Caetano e o Milton estarem atuantes até hoje me anima muito. Se eles estão compondo, gravando e cantando, não vou me acomodar. ‘Ah, também quero fazer!’ Nesse sentido, é bom. Se amanhã o Caetano desistir de fazer música, vou ficar triste. E, ao mesmo tempo, vou dizer: ‘Ah, que preguiça, vou parar também’. Há um certo estímulo que vem da competição, do espírito competitivo. Se bem que o Caetano é mais competitivo do que eu. Outro dia ele viu uma foto minha, ficou com inveja da minha barriga e está criando uma ainda maior.”
– Você pensa o quê? Que é o dono da verdade?
– Mas eu sou! Olhe aqui a nota fiscal.
“A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter convertido a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são fins privados). Na esquerda, a corrupção se qualifica: emprega métodos bolcheviques e se justifica sob licenças ideológicas que enaltecem o crime comum como se ele fosse a própria trilha de libertação dos oprimidos. É uma corrupção delirante, que se julga uma nova modalidade de guerrilha contra o capital, mas que, no fundo, presta serviços ao que há de pior no capital. Comunistas e socialistas, quando corruptos, roubam enfim a razão pela qual morreram todos os guerrilheiros. Traindo seus mortos, traindo os desaparecidos, o corrupto de esquerda se sente vitorioso.”
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