“O álcool antes dos 40 é mais alegre do que triste. As noites de quem bebe são melhores que as de quem não bebe. As conversas de quem bebe são mais divertidas que as de quem não bebe. As pessoas que bebem são mais atraentes que as que não bebem. A sensação de voltar para casa com o dia claro numa terça-feira e olhar para as pessoas que não bebem a caminho de um escritório onde vão passar quase dois terços do dia orgulhosas porque ao menos não estão como acham que você está, um último conhaque com Nescau na padaria e as pessoas que não bebem dentro dos carros achando que você é apenas um idiota de 40 anos que não enxerga que não tem mais 18, e a sensação de saber que no fim do dia e do mês você estará exatamente como todas elas, tendo pago ou não o seu aluguel, tendo ou não um trabalho, um casamento, um plano de saúde, um vaso de flores, a sensação de que no fim dá tudo na mesma embora você aproveite cada minuto muito mais intensamente que qualquer dessas pessoas é que faz você sair da padaria e caminhar trocando as pernas e dar oi para o porteiro e entrar em casa e não ter vergonha de cair na cama de sapatos.”
Trecho de Diário da Queda, romance de Michel Laub
Publicado
terça-feira, 22 de novembro de 2011 às 6:18 pm e categorizado como Blog.
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Pra que se embriagar de lucidez?
“O álcool antes dos 40 é mais alegre do que triste. As noites de quem bebe são melhores que as de quem não bebe. As conversas de quem bebe são mais divertidas que as de quem não bebe. As pessoas que bebem são mais atraentes que as que não bebem. A sensação de voltar para casa com o dia claro numa terça-feira e olhar para as pessoas que não bebem a caminho de um escritório onde vão passar quase dois terços do dia orgulhosas porque ao menos não estão como acham que você está, um último conhaque com Nescau na padaria e as pessoas que não bebem dentro dos carros achando que você é apenas um idiota de 40 anos que não enxerga que não tem mais 18, e a sensação de saber que no fim do dia e do mês você estará exatamente como todas elas, tendo pago ou não o seu aluguel, tendo ou não um trabalho, um casamento, um plano de saúde, um vaso de flores, a sensação de que no fim dá tudo na mesma embora você aproveite cada minuto muito mais intensamente que qualquer dessas pessoas é que faz você sair da padaria e caminhar trocando as pernas e dar oi para o porteiro e entrar em casa e não ter vergonha de cair na cama de sapatos.”
Trecho de Diário da Queda, romance de Michel Laub
Publicado terça-feira, 22 de novembro de 2011 às 6:18 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.