“Que ótimo! Finalmente você encontrou alguém que o complete.”
“Que ótimo! Finalmente você encontrou alguém que o complete.”
“Não é justo que o negro
pague sozinho
por este estupro.
Também pague o Bial,
pague o Boninho,
pague a TV
de Roberto Marinho.
Quem fez a merda,
patrocinou a festa,
trouxe o vinho.
Ah, mano, brother,
meu irmão.
Por causa do crime
o Brasil todo, sim,
ao paredão.
Inclusive eu,
que faço esse poema
sem jeito.
Perco tempo
com este assunto.
Eu, sem talento.
Eu, bundão.
Covarde,
sem ter o que fazer
ligo a televisão.
E vejo.
A toda hora
o Bial citar
o Velho Guerreiro.
Aquele mesmo
que cuidava do traseiro
da Rita Cadillac
com o mesmo respeito.
Com que a câmera come,
hoje em dia, cada silicone,
curva, calcinha.
Acho que virei puritano,
melhor eu ficar na minha.
Só não posso concordar
que apenas o negro
tenha de pagar pelo abuso
coletivo.
Por debaixo dos panos,
todas as noites,
sempre foi este
o nosso programa
preferido.”
”Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo repleto de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada
Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor
Aqueles que atravessaram
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam _se o fazem_ não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados”
“Um minutinho só!”
Por que costumamos vestir os mortos com trajes sociais? Por que não lhes botamos roupas mais confortáveis? Quem gostará de passar a eternidade usando terno e gravata ou um longo de festa?
– Tem rede?
– Tem, se o senhor trouxer.
Que falta faz uma metáfora, não?
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