“Chão quando quer crescer
Vira cordilheira”
“As farmácias invadiram São Paulo.
Para onde você vai, se depara com uma delas.
E tem mais. Elas são todas iguais, seguem o mesmo figurino padronizado.
Feericamente iluminadas, elas reluzem num tempo que lhes é próprio.
Dia ou noite, ali estão elas resplandecentes em sua branca limpidez.
Apesar de lembrarem um pouco os supermercados com suas gôndolas, nas quais estão expostos os remédios mais populares, os produtos de higiene, os cosméticos, as farmácias procuram afetar um ar mais compenetrado, querem ter mais classe. (…)
De onde vieram todas elas? Que fazem por aqui? Existirá tanta gente doente, precisando de seus serviços?
Supondo que seja este o caso, com sua nova roupagem, estariam elas tentando driblar uma dolorosa realidade, a realidade da doença?
Estariam tentando dizer – ‘olha, não é verdade que você está sofrendo de algum mal, que você está doente e precisando tomar remédios; você está simplesmente fazendo compras, como sempre’.
As novas farmácias estariam tentando transformar num conhecido ritual de consumo – mais um entre tantos – o cumprimento de um procedimento desagradável e angustiante, ou seja, a compra de medicações para o tratamento de enfermidades.
Muitos, aliviados, embarcam nesse engodo. O que não surpreende. Afinal, o consumo não é apresentado como a panaceia universal para combater a angústia que nos corrói?”
“Nos tempos em que vivemos, sabemos que tudo pode ser obra de arte. Ou melhor, tudo pode ser transformado em obra de arte por um artista. Não há nenhuma possibilidade de o espectador distinguir entre uma obra de arte e uma ‘simples coisa’ com base só na experiência visual. Ele deve primeiro conhecer um determinado objeto que será usado por um artista no contexto de sua prática artística, a fim de identificá-lo como obra de arte ou parte de uma obra de arte. Mas quem é esse artista, e como se pode distingui-lo de um não artista – se é que essa distinção é mesmo possível? Para mim, essa parece ser uma questão bem mais interessante que a de como distinguir entre uma obra de arte e uma ‘simples coisa’.”
– Nós pertencemos à nova classe média?
– Sei não… É a palavra deles contra o meu saldo bancário.
Por que não constroem aviões com o mesmo material que usaram para fazer o Keith Richards?
“O sábio que há em você
não sabe o que sabe
o tolo que não se vê.”
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