Estranho poder esse, o das tempestades
(e o das bombas)
de nos reunir solidários
nos abrigos.
Estranho poder esse, o das tempestades
(e o das bombas)
de nos reunir solidários
nos abrigos.
“Ser feliz virou uma obrigação – e o amor (como o sexo, o trabalho, a cultura) só serve se nos trouxer felicidade. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas não acreditam mais no ‘felizes para sempre’. Então, trocam o eterno por algo que as deixe muito loucas, como uma droga, ou as leve a estados profundos de desespero. Isso traz outra dificuldade: o ideal do amor extraordinário, fora do comum. Não temos, ou não usamos, referências do amor ordinário, que é o amor de que desfrutamos na vida real, com alguns altos e baixos, mas, na maioria das vezes, com seus platôs. Não conseguimos ver nesse tipo de experiência a matéria-prima para criar nossa história de amor e ficamos esperando que uma nova pessoa ou uma nova oportunidade nos traga a experiência extraordinária. O extraordinário é também real, mas só uma parte da trajetória amorosa que construímos no decorrer da vida. Digamos que o extraordinário equivale a alguns picos. No entanto, queremos repetir esses picos sempre. Porque tudo começa no primeiro amor, a grande vivência da paixão que, normalmente, termina com certa dose de tragédia. Trata-se de uma experiência realmente arrebatadora, que provoca uma ruptura com a família – afinal, passamos a amar outras pessoas que não os nossos pais. O problema é que essa experiência acaba sendo o molde do que esperamos encontrar no ‘verdadeiro’ amor.”
Descobrir continentes? É tão fácil quanto esbarrar com um elefante.
Poeta é o que encontra uma moedinha perdida…
“Como um profeta, pedir perdão às formigas
que matei
(milhares)
às asas dos besouros
que arranquei, às barbatanas
de tubarão que comi
terei de amar cada mariposa
e mesmo o creme adstringente
culinário que sai de dentro das baratas
espatifadas sob a sola da sandália?
Sim, terá.
E ainda por cima
voltar vestido de duende
uma glande enorme, condão, tocando
o pelo dos bichos
dizendo o nome deles, em sua própria
língua? Elefante, sou eu
dromedário, eis aqui o teu irmão?”
– O que você faz?
– Escrevo.
– Livros?
– Também.
– De que tipo?
– Retangulares.
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