Elegância é a beleza que nunca vai embora?
Elegância é a beleza que nunca vai embora?
“‘Gostaria que Pelé tivesse virado marxista e acabado com a fome deste país’, declarou Caetano Veloso numa entrevista. O que você acha?
Acho que todos nós gostaríamos que todos os homens tivessem sido os arautos da justiça divina sobre a Terra, mas nenhum deles foi, nem mesmo o filho de Deus. É o caráter trágico da condição humana. Cultivar o sonho da liberdade, mas ter que exercitá-lo dentro da prisão da realidade.”
“E o apagão no jogo do Brasil com a Argentina? Como disse um amigo meu: ‘Se fosse jogo do Corinthians, eles puxavam um gato do vizinho!'”
“O senhor sempre cita uma frase em que William Faulkner compara a literatura a um fósforo aceso no meio da escuridão, que não ilumina nada, mas acena com uma esperança. É possível que a literatura tenha uma dimensão tão ínfima?
Acredito que sim. Faulkner dizia que a pequena chama acesa só serve para ver com mais claridade quanta escuridão existe ao redor dela. A literatura faz isso, mas não me parece pouco. Ilumina zonas de sombra ou penumbra, e sem ela as pessoas nem perceberiam que essas zonas existem. Não explica o mistério, mas nos ajuda a dar conta de sua magnitude. Se não houvesse a literatura, nem sequer saberíamos a dimensão do desconhecido, do enigmático do mundo, do inexplicável de nossos comportamentos. É pouco e é muito. A ciência faz algo parecido, no fundo. Acreditamos que ela ilumina, mas sobretudo ela nos mostra zonas de sombra. Temo que essas nunca acabem.”
“Eis a minha confissão, reverendo. (…) Eu não acredito em Deus. Será que você consegue entender isso? Olhe à sua volta, cara. Você não enxerga o sofrimento e o desespero? Justiça? Fraternidade? Vida eterna? Se houvesse uma religião que preparasse uma pessoa para a morte e para o nada, era ela que eu gostaria de frequentar. A sua prepara apenas para os sonhos, ilusões e mentiras. Se você pudesse tirar o medo da morte do coração dos homens, toda humanidade iria se matar. Quem deseja viver esse pesadelo a não ser pelo medo do futuro? Todo caminho termina em morte. Toda amizade. Todo amor. Tudo acaba em tormento, traição, perda, sofrimento, dor, velhice, indignidade, doença prolongada… Tudo termina tanto para você, como para cada pessoa que você resolve ajudar.É isso que temos em comum, é isso que nos aproxima. Esta é a verdadeira fraternidade. Você diz que o próximo é a minha salvação? Pois ele que se dane. Se me vejo nele? Me vejo, sim. E o que vejo me enoja. Entende? Você é capaz de me entender?”
“Quando os sapatos ringem
– quem diria?
São os teus pés que estão cantando!”
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