“Não vou escrever aqui sobre o desapego que nossos governos têm por tudo que é público e valioso às nossas cidades. Não vou tentar imaginar o dia em que passaremos pelo Ibirapuera para ver mais um shopping, ou mensurar a falta que fará o Conjunto na vida de tanta gente. Também não vou ficar repetindo a ladainha de que ‘é mais fácil se desfazer de algo do que tomar conta dele’. Isso todo mundo sabe. Em vez de choro, proponho ação: que tal fazer um crowdfunding para comprar o Ibirapuera? O preço pedido pelo governador é uma pechincha: R$ 168 milhões por um terreno de 100 mil metros quadrados e quase 90 mil metros quadrados de área construída. Menos de dez vezes o valor de imóveis na região. Com um milhão de pessoas dando R$ 168, seríamos donos de um complexo desportivo que os próprios vendedores descrevem como ‘um dos maiores e mais equipados da América Latina’ e que ‘muito orgulha o governo do Estado de São Paulo’. Orgulha tanto que o estão pondo à venda, certo? Voltando aos negócios: além de manter o complexo esportivo, poderíamos promover shows no Ginásio do Ibirapuera e, assim, fugir dos ingressos proibitivos cobrados por festivais. Vamos lá, baluartes do crowdfunding, quero ver se vocês são bons mesmo…”