“A primeira pista, a lição número um da história humana sobre o tema da não violência, é que não existe palavra para ela. O conceito foi louvado por todas as principais religiões. Ao longo da história houve praticantes da não violência. Mas, apesar de todas as principais línguas terem uma palavra para violência, não há nenhuma palavra para expressar a ideia de não violência, exceto que ela não é violência. Em sânscrito, a palavra para violência é himsa, dano, e a negação da himsa, exatamente como a não violência é a negação da violência, é ahimsa _não causar dano. Mas se ahimsa é ‘não causar dano´, é fazer o quê?
A única explicação possível para a ausência de uma palavra proativa para expressar a não violência é que não só os establishments políticos como os culturais e intelectuais de todas as sociedades viam a não violência como um ponto de vista marginal, uma rejeição fantasiosa de um dos componentes principais da sociedade, um repúdio a algo importante, mas não uma força séria por si só. Ela não é um conceito autêntico, mas simplesmente a negação de outra coisa. Foi marginalizada porque é uma das raras ideias verdadeiramente revolucionárias, uma ideia que busca mudar completamente a natureza da sociedade, uma ameaça à ordem estabelecida. E sempre foi tratada como algo profundamente perigoso.”