“Eu poderia mudar de cidade? Poderia, mas qual a vantagem, se não mudo de pessoa? Tenho de carregar esta minha pessoa, com seus cabelos, seus pés, joelhos, cotovelos, suas longas recordações.”
“Eu poderia mudar de cidade? Poderia, mas qual a vantagem, se não mudo de pessoa? Tenho de carregar esta minha pessoa, com seus cabelos, seus pés, joelhos, cotovelos, suas longas recordações.”
Então o padre lhes disse:
– Eu vos declaro marido e mulher. Podem começar a engordar.
Entre os casos esquecidos
Estão as melhores lembranças?
“No campo sentimental, estamos nos comportando como fanáticos. Exigimos que o amor conjugal seja eterno e incondicional. Ou melhor: camuflamos sua natureza condicional e efêmera. Tentamos, assim, roubar um poder divino. Afinal, nada terreno é verdadeiramente incondicional, eterno e completamente bom. Esse é um tipo de amor que só Deus pode ter.”
“Quando o insuportável começa a virar maré cheia,
me pergunto:
por que não me tornei alpinista de empresa
escalando os prédios mais altos da Avenida Rio Branco?
Quatro anos de Letras,
mais dois de Pós em Literatura Portuguesa,
o curso completo de inglês no IBEU,
não permitem que a mesa do café seja invadida
de iogurtes, queijo branco, uvas, kiwi, pêssegos,
mamão com mel.
Por que não me especializei em alturas?
Uma estrofe de cor dos Lusíadas,
não é suficiente para o trabalho de Call Center
na empresa Silva Lins.
Era preciso ter um diferencial na voz.
Mas eu disse um verso de Camões.
E a menina ao meu lado,
estudante de Propaganda e Marketing na Estácio,
saia justa, corpo bronzeado de Ipanema,
um quê de rouquidão forçado no final das frases,
sai com carteira assinada e setecentos reais por mês.”
“Uma girafa pequenininha, mas pequenininha mesmo, ganha de uma borboleta grande?”
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