Arquivo de fevereiro de 2013

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Camisa de força neles!

Quadrinho de André Dahmer
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sem pena de si

“- Por que você publica tão pouco?
– Porque tenho lata de lixo em casa.”

Da poeta polonesa Wislawa Szymborska

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Perder, às vezes, é ganhar?

“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

Do antropólogo Darcy Ribeiro

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

À imagem e semelhança de Deus?

“Todo ser humano sente ódio da sua pequenez.”

Do romancista João Gilberto Noll

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Profilaxia

Quadrinho de Bruno Maron
(clique na imagem para ampliá-la)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Melhor trair a morte do que a deixar nos trair?

“Walmor Chagas foi casado com Cacilda Becker, o grande nome feminino do teatro brasileiro à sua época. Cacilda morreu em 1969, aos 48 anos, entre o primeiro e o segundo ato da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. Ou melhor: teve um derrame, e foi morrer cinco semanas depois, mas não saiu do coma. Foi como se morresse entre o primeiro e o segundo ato. Esperando Godot, da época do existencialismo e do teatro do absurdo, transcorre sem outro artifício senão o diálogo aparentemente sem rumo entre dois vagabundos, Estragon e Vladimir, enquanto esperam por um tal Godot, que não se sabe quem é nem se saberá, até o fim da peça. Cacilda fazia Estragon, e quem fazia Vladimir era Walmor. Não podia haver morte mais desorganizada. Cacilda foi recolhida ao hospital nos trajes andrajosos de Estragon. Imagina-se que Walmor deve ter demorado para se livrar dos andrajos de Vladimir. Nem é preciso imaginar, vai de si a situação de perplexidade, de alvoroço, de atropelo, de improviso.  Estragon foi arrancado de Vladimir de uma maneira que não estava no script, e Cacilda foi arrancada de Walmor de maneira que menos ainda estava no script. O teatro do absurdo saltava do palco para a vida real. O público ficou esperando por um segundo ato que, como Godot, não veio.
É tentador supor que o tipo de morte escolhido por Walmor decorre do tipo de morte que vitimou Cacilda. Sobre Cacilda a morte desabou em sua versão de suprema traiçoeira das gentes. Esperava-a na coxia, e atacou-a de emboscada. Nem o segundo ato a deixou encenar, quanto mais o muito que lhe restava de vida e de teatro. Walmor, naquela sexta-feira em Guaratinguetá, tinha decidido que, em vez de esperá-la atacar, tomaria a iniciativa. Tomou café da manhã como de hábito, banhou-se, depois deixou-se ficar ao sol. No almoço comeu ‘um macarrãozinho bem fininho, com molho de shoyu’, segundo contou um amigo ao programa Fantástico. Horas depois, sozinho em casa, sentou-se em uma cadeira, a arma na mão. Adivinha-se que o plano já lhe girasse na cabeça haveria dias, talvez meses. Foi executado com método, sem alvoroço nem improviso. Amigos informaram que a decadência física começava a limitar os movimentos do ator e que, com a vista atacada por complicações do diabetes, ele enxergava cada vez pior. São fatores que podem ter ajudado na decisão; ele teria se antecipado ao aprofundamento dos estragos. Mas, sobretudo, teria concluído que o estoque de vida que lhe coubera, a vida em seus múltiplos aspectos, não apenas na questão da saúde, se esgotara.
Cacilda, atraiçoada, deixou tudo pela metade: a peça que representava, a carreira, a vida. Ficou intocado o enorme estoque que ainda tinha para gastar, e, na história das artes cênicas do Brasil, entrou com uma página truncada. Walmor não foi surpreendido entre o primeiro e o segundo ato porque não havia segundo ato a representar. A peça já tinha terminado. Ele próprio assim determinara, ao tomar nas mãos a autoria do desfecho.”

Trecho de Ato Final, artigo de Roberto Pompeu de Toledo

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Regina Duarte: "Eu me arrependo de haver interpretado personagens de modo tão exagerado"


Em uma longa e amalucada entrevista, a atriz reflete sobre os 50 anos de carreira, nega ser tucana e questiona o fato de sair na capa de BRAVO!: “Vocês enlouqueceram? Os leitores vão rejeitar!” 
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O inferno são os outros?

“Os defeitos da humanidade inteira estão dentro de cada um de nós.”

Do dramaturgo Leo Lama

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Leves, sim. Mas livres e soltos?

“No futuro, haverá lugares chamados academias, onde as pessoas pagarão para realizar trabalhos forçados.”

Do Facebook de Renato Essenfelder

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Que espécie de fio sustenta a vida que está por um fio?

“Minha mãe definha, definha
e continua viva.
Seu coração forte a impulsiona
com a imprudência de um motor
uma noite após a outra.
Todos dizem Isto não pode continuar,
mas continua.
É como observar alguém se afogando. 
Se ela fosse um barco, diríamos
que a lua brilha através de suas costelas
e ninguém maneja o leme,
mas não se pode dizer que esteja à deriva;
há alguém ali.
Seus olhos cegos iluminam-lhe o caminho.
Lá fora, em seu jardim abandonado,
o mato cresce de modo quase audível:
erva-moura, vara-de-ouro, cardo.
Todas as vezes que os arranco
uma nova onda começa a brotar,
subindo rumo à sua janela.
Demolem a parede de tijolos lentamente,
ocultam bordas e caminho,
borrando seus contornos.
Sua antiga ordem de palavras
desaba sobre si mesma.
Hoje, após semanas de silêncio,
ela compôs uma frase:
Acho que não.
Seguro sua mão, sussurro,
Olá, olá.
Se eu dissesse Adeus em vez disso,
se eu dissesse, Entregue-se,
o que ela faria?
Mas não posso dizê-lo.
Prometi que iria até o fim,
o que quer que isso signifique.
O que posso dizer a ela?
Estou aqui.
Estou aqui.

Minha Mãe Definha…, poema de Margaret Atwood
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