“Você não se identificar parcialmente ou completamente com as ideias de nenhum partido pode te fazer um cidadão apartidário. Antipartidarismo é uma outra coisa. É claro, você também pode ser um antipartidário, mas deve saber o que isso significa, seus bens e, principalmente, seus males. Se existe o risco de os partidos se aproveitarem do momento delicado, existe o risco de os antipartidários reagirem com uma violência intolerável. (…)
‘Todos são bem-vindos’, afirmam os membros do MPL. ‘Somos apartidários, não contra os partidos.’ Mas a crítica aos cartazes conservadores abre uma ferida complexa no corpo do movimento. Um membro do MPL afirmou que ‘tem gente que não consegue mobilizar nem dez pessoas e leva uma faixa contra a legalização do aborto’. Com todo o respeito por esses brilhantes garotos, mas, se essa declaração corresponder à verdade, recomendo a observação cautelosa, no Rio, no final de julho, da 38ª Jornada Mundial da Juventude, um movimento tão gigantesco quanto os desses últimos dias, justamente de pessoas que pensam assim. Que, sim, são convictamente contra a legalização do aborto etc. Se apenas dez pessoas, ou mesmo somente 10% deste país apoiasse a cura gay, poderíamos ter a alegre certeza de não ver Feliciano desafiando o governo a interferir na votação do Congresso.
E, horror, se um homem lá no meio da multidão for como você, contra tudo que você é contra, a favor de tudo de que você é a favor, mas, na última linha dos seus pontos em comum, ele se virar e dizer ‘ah, me esqueci de te falar uma coisa: sim, eu sou contra a legalização do aborto’, você não vai emprestar sua garrafa de vinagre pra ele? Você vai gritar com medo ‘você é de direita!’ e sair correndo? Por que essa insistência em alcunhar e agredir direitistas e esquerdistas e os malditos ‘em cima do muro’. Não parece mais complexo do que isso?”
Extraído do Facebook de Felipe Hirsch, diretor teatral
Publicado
sexta-feira, 21 de junho de 2013 às 6:00 pm e categorizado como Blog.
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Não usarás o nome da democracia em vão
“Você não se identificar parcialmente ou completamente com as ideias de nenhum partido pode te fazer um cidadão apartidário. Antipartidarismo é uma outra coisa. É claro, você também pode ser um antipartidário, mas deve saber o que isso significa, seus bens e, principalmente, seus males. Se existe o risco de os partidos se aproveitarem do momento delicado, existe o risco de os antipartidários reagirem com uma violência intolerável. (…)
‘Todos são bem-vindos’, afirmam os membros do MPL. ‘Somos apartidários, não contra os partidos.’ Mas a crítica aos cartazes conservadores abre uma ferida complexa no corpo do movimento. Um membro do MPL afirmou que ‘tem gente que não consegue mobilizar nem dez pessoas e leva uma faixa contra a legalização do aborto’. Com todo o respeito por esses brilhantes garotos, mas, se essa declaração corresponder à verdade, recomendo a observação cautelosa, no Rio, no final de julho, da 38ª Jornada Mundial da Juventude, um movimento tão gigantesco quanto os desses últimos dias, justamente de pessoas que pensam assim. Que, sim, são convictamente contra a legalização do aborto etc. Se apenas dez pessoas, ou mesmo somente 10% deste país apoiasse a cura gay, poderíamos ter a alegre certeza de não ver Feliciano desafiando o governo a interferir na votação do Congresso.
E, horror, se um homem lá no meio da multidão for como você, contra tudo que você é contra, a favor de tudo de que você é a favor, mas, na última linha dos seus pontos em comum, ele se virar e dizer ‘ah, me esqueci de te falar uma coisa: sim, eu sou contra a legalização do aborto’, você não vai emprestar sua garrafa de vinagre pra ele? Você vai gritar com medo ‘você é de direita!’ e sair correndo? Por que essa insistência em alcunhar e agredir direitistas e esquerdistas e os malditos ‘em cima do muro’. Não parece mais complexo do que isso?”
Extraído do Facebook de Felipe Hirsch, diretor teatral
Publicado sexta-feira, 21 de junho de 2013 às 6:00 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.