Drinque caubói!
Porque há coisas que o jornal faz e que os tablets jamais conseguirão fazer:
1. Acelerar o amadurecimento de bananas e abacates.
2. Forrar latas de lixo e gaiolas de passarinho.
3. Limpar vidros.
4. Servir de calço para mesas e cadeiras bambas.
5. Embrulhar louças na mudança.
6. Embrulhar peixes.
7. Embrulhar pregos na loja de produtos para construção.
8. Embrulhar quadros.
9. Embrulhar flores.
10. Recolher a sujeira do cachorro.
11. Cobrir os móveis e o piso antes de pintarem a casa.
12. Evitar que entre água por baixo da porta.
13. Proteger o chão da garagem quando o carro está vazando óleo.
14. Matar moscas, baratas e demais insetos.
15. Bater no focinho do cachorro quando o danado urina dentro de casa.
16. Rechear bolsas para conservar a forma delas.
17. Transformar-se em barquinhos.
18. Alargar o sapato.
19. Servir de chapeuzinho para o pintor ou para o pedreiro.
“Há muito tempo, sim, não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci. Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu caminho, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
‘Deus te abençoe’, e a noite abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.”
“Muito mais tarde, já anos mais tarde e muita mais solidão em redor, o Antonino disse: são bágoas, mãe, são bágoas. E ela perguntou: que fazes tu esbagoado, olha que um homem não chora. Ele disse: então talvez seja ainda apenas um rapaz.”
“Já fui uma ficha de telefone
Foi assim:
fui uma ficha de telefone,
uma hóstia santa que não se come,
nem se salva.
Mas como ficha de telefone
não tive crédito suficiente
de avisar ao pires
que a sobra era um novo continente,
de contar à boca
a anedota dos peixes,
de revelar às roupas
que dá para ir à festa sem convite,
de repetir às fechaduras
que como o sexo tudo se abre com jeitinho,
de sobretudo lembrar aos homens
que o mundo era deles,
e que as coisas ultrapassadas
já não tinham mão de obra qualificada.”
“Globo Repórter investigará migração descontrolada de passaralhos
GALÁPAGOS – Impressionada com as revoadas inesperadas de passaralhos sobre as principais redações do país, a cúpula da TV Globo decidiu investigar o fenômeno no Globo Repórter desta sexta-feira. ‘De onde vêm os passaralhos? Para onde vão? Quem é mais atingido pelo passaralho? O homem ou a mulher? CLT ou PJ? Voo solo: você vai conhecer a curiosa história de Agenor, um copidesque que sobreviveu a 12 passaralhos. E mais: você vai conhecer a dança do passaralho, uma batida enérgica que vem agitando o Brasil’, dirá Sérgio Chapelin.”
– O que te move?
– Meus pés.
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