Um dia nos rebelaremos?

“Se as pessoas não querem pagar por nada on-line, é preciso criar um modo de fazer dinheiro. E aí, em busca de um caminho sustentável, a internet, tão ‘rebelde’, adotou o modelo de negócios mais tradicional: vender anúncios. Nessa hora, ninguém pode com gigantes como Google e Facebook. Jaron Lanier – um dos criadores da realidade virtual, autor do livro Who Owns the Future? – os chama de ‘servidores-sereias’, pela capacidade irresistível de atrair usuários.  Quem vende o anúncio mais eficiente possível (e portanto pode cobrar muito por ele) é quem sabe tudo sobre seu usuário. Ou porque rastreia toda a atividade on-line, como o Google; ou porque usa as informações fornecidas, voluntária e gratuitamente, pelo ‘internauta’, como o Facebook. Para processar essa quantidade colossal de dados, são necessários computadores muito poderosos. Que só portentos como Google, Facebook, Apple e Amazon podem comprar. E assim se completa o modelo concentrador que Jaron Lanier combate. Bilhões de usuários fornecem informações e produzem conteúdo, sem cobrar, para os ‘servidores-sereias’. Estes têm uma capacidade de processamento única, e transformam essas informações em trunfos para vender anúncios. Anúncios que vão atingir as mesmas pessoas que estão trabalhando de graça sem perceber. É um modelo de tudo para uns poucos, e nada para muitos. Não forma uma classe média –só magnatas e proletários. Por isso, na visão de Lanier, não vai se sustentar.”

Trecho do artigo Contra a internet, de Álvaro Pereira Júnior

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