“Há quase dois anos, um grupo de manifestantes tomou um pequeno parque no coração de Manhattan dando origem ao movimento Occupy Wall Street. Durante os dois meses seguintes, suas manifestações abalaram o establishment e encheram de esperança aqueles que por muitos anos se sentiram privados de seus direitos, decepcionados, enganados, marginalizados. Agora, o Occupy Wall Street não é praticamente mais visto. Que aconteceu?
Penso sempre nisso. Embora o movimento tenha contribuído para popularizar a expressão ‘um por cento’, a minoria absurdamente reduzida de americanos detentores da maior parte da riqueza do país, esse 1% hoje detém mais poder que nunca. E em termos materiais ou de resultados, nada mudou. Em parte, a razão do declínio relativamente rápido foi a excessiva amplitude das reivindicações. Observando o panorama socioeconômico como um todo, os manifestantes viam tanta coisa errada que não conseguiam distinguir prioridades.
Os movimentos da contracultura dos anos 1960, embora variados e ecléticos, tinham um elemento unificador: a oposição à Guerra do Vietnã. Em torno desse evento de extraordinária importância, eles conseguiram levantar suas outras causas: a distribuição desigual da riqueza, o combate à pobreza, o tratamento injusto dos negros e outras minorias, das mulheres, e assim por diante. Na visão do público, essas várias causas eram a face macabra da Guerra do Vietnã. À medida que o conflito se tornara mais selvagem e inútil, à medida que eram cada vez mais numerosos os jovens da classe trabalhadora que voltavam para casa em caixões, foi crescendo o número de americanos que passaram a simpatizar com o movimento da contracultura.
Occupy Wall Street enfatizou a natureza oligárquica daquele 1%, mas sua indignação nunca produziu um programa claro. Não foi totalmente culpa do movimento. É mais fácil acabar uma guerra no exterior do que redistribuir a riqueza numa sociedade. Mas os manifestantes cometeram um terrível erro não se concentrando em um dos aspectos da dominação daquele 1% sobre a sociedade. Poderiam ter escolhido o problema da saúde, o do salário-mínimo pateticamente baixo, a falta de moradia ao alcance de todos, o custo estratosférico da educação superior, a deterioração da educação nas escolas públicas. Poderiam ter escolhido um banco como alvo de sua investigação e de sua revolta. Poderiam ter insistido numa lei mais responsável sobre o fosso cada vez mais profundo entre as classes. Ou ainda poderiam ter escolhido um político, um parlamentar ou um plutocrata que representasse as crescentes tendências oligárquicas do país. Não sou violento e tenho horror à violência política. Mas a cara de Donald Trump coberta de creme de torta daria no mínimo um cartaz coerente. Em vez disso, Occupy Wall Street se revoltou contra a riqueza, abstratamente. Com isso, seus integrantes acabaram menos identificados com pessoas de princípios protestando contra a injustiça social que com adolescentes revoltados por não pegarem o carro do pai. Ou expressaram sua indignação pelos logros e a corrupção dos políticos em geral, exigindo o fim dessa situação sem destacar problemas específicos e concretos. Em vez de reivindicações, só apresentaram descontentamento.”
“Fernando Pessoa é meu Red Bull. Me deixa alucinada.”
“Conversa entre as notas de R$ 10 e de R$ 20:
– Você tem visto a de R$ 50?
– Pouco. A metida não sai dos shoppings.
– E a de R$ 100?
– Menos ainda. Essa vive no exterior. Viaja muito.
– E a de R$ 5?
– Vai toda semana à feira. Já a de R$ 2 parece que se converteu.
– Sério?
– Sim. Está sempre na cestinha das igrejas.”
“Coração chora.
Cabeça tenta ajudar coração.
Cabeça explica a coração, mais uma vez, como são as coisas:
Você vai perder aqueles que ama. Todos eles vão desaparecer. E até mesmo a Terra vai desaparecer, um dia.
Coração se sente melhor.
Mas as palavras da cabeça não duram muito nos ouvidos do coração.
Coração não tem muita experiência com isso.
Eu quero eles de volta, diz coração.
Cabeça é só o que coração tem, agora.
Socorro, cabeça. Socorra coração.”
É verdade que o Eike Batista está abrindo um crediário nas Casas Bahia?
Vamos fugir deste lugar, baby?
“Não há nada de especial em nós, mas a cultura nos faz sentir que há _assim como pais precisam fazer que seus filhos se sintam especiais, para ajudá-los a suportar e a conviver com a própria insignificância no contexto maior das coisas. Nesse sentido, crescer é sempre um jeito de anular aquilo que precisava ter sido feito; primeiro, idealmente, nos fazem sentir especiais; depois, espera-se que aproveitemos um mundo em que não o somos. Charles Darwin nos mostrou que tudo na vida é vulnerável, efêmero e sem nenhum projeto ou desígnio de Deus. Por isso, após Darwin, precisamos descobrir o que, além desse caráter especial, faz da nossa vida algo que valha a pena. Após Darwin, podemos dizer que as pessoas, quando percebem o quanto são acidentais, são tentadas a pensar em si como as escolhidas. É fato que temos essa tendência de nos considerar mais especiais nem que seja para nós mesmos, em nossas (imaginárias) vidas não vividas. Vale a pena, então, imaginar em que sentido a necessidade de ser especial nos impede de enxergar a nós mesmos _além da infalível transitoriedade de nossa vida; o que a necessidade de ser especial nos impede de ver.”
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