“- Então, o que há de diferente entre mim, desvairado, e ti, sábio, já que nós dois desejamos posses?
– Muita coisa. As riquezas servem ao sábio, enquanto comandam o louco. O sábio não permite nada às riquezas; elas, a ti tudo permitem. Tu, como se a ti tivesse sido garantida posse eterna, ficas preso a elas como se fosse um vínculo habitual. O sábio pensa na pobreza justamente quando está instalado na riqueza. Jamais um general confia na paz a ponto de deixar de lado a vigilância e a preparação para uma guerra. Embora sem combate, a guerra continua declarada. Para ti, basta uma casa luxuosa para que te tornes arrogante, como se ela não pudesse desmoronar ou queimar. A riqueza te embriaga porque pensas que ela tem o poder de superar qualquer dificuldade e que o destino não poderá aniquilá-la. Ficas despreocupado em meio à riqueza sem o menor cuidado com o perigo que ela pode trazer.”