“Há alguns dias, estive em Cingapura participando de uma palestra organizada por um banco alemão para uma plateia formada principalmente por mulheres asiáticas. Embora estivesse a 11.200 quilômetros de casa e em um fuso horário de 7 horas, senti-me estranhamente confortável. Os grandes bancos são tão tranquilizadores quanto o McDonald’s. Ou seja, são iguais no mundo inteiro. Todos falam inglês, todas as mulheres usam os mesmos vestidos Diane von Furstenberg e carregam as mesmas bolsas elegantes.
Mas mesmo em meio a toda essa uniformidade, há uma coisa que se recusa a se globalizar: a maneira como as pessoas se cumprimentam. Várias vezes me vi perdida na semana passada. Deveria dar um beijo na mulher americana em cuja casa eu acabara de jantar? Quando tentei, ela recuou com um sorriso e me deu um boa noite amigável. Mais complicado ainda foi decidir como cumprimentar um grupo formado por uma mulher indiana, um homem chinês e uma mulher australiana. Sem saber o que fazer, os quatro decidiram deixar as saudações de lado.
Esse tipo de coisa sempre foi um problema, mas está piorando. Antigamente, o princípio era ‘quando em Roma, faça como os romanos’. Portanto, quando em Roma, dávamos um beijo em cada lado do rosto das pessoas que conhecíamos razoavelmente bem. Na Holanda, eram três beijos nas bochechas. Na Rússia, você pode esperar um abraço de urso, no Japão, uma inclinação para a frente e, na Índia, mãos juntas e um ‘namaste’. Nos Estados Unidos e na Alemanha, temos um aperto de mão do tipo esmaga ossos. No Oriente Médio, algo mais parecido com um aperto de mão delicado. Mas a globalização dos negócios tornou as coisas mais complicadas. Não sabemos mais quais culturas prevalecem sobre as outras. É a do país anfitrião? É a da maioria das pessoas na sala? Como ninguém sabe, o que tende a acontecer é uma confusão geral, uma ‘luta livre’ embaraçosa. Vivemos em um estado de tensão permanente no que diz respeito aos cumprimentos.”
Trecho do artigo Cumprimento em encontros globalizados são um inferno, de Lucy Kellaway
Publicado
terça-feira, 1 de outubro de 2013 às 4:13 pm e categorizado como Blog.
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Beijo, abraço ou aperto de mão?
Mas mesmo em meio a toda essa uniformidade, há uma coisa que se recusa a se globalizar: a maneira como as pessoas se cumprimentam. Várias vezes me vi perdida na semana passada. Deveria dar um beijo na mulher americana em cuja casa eu acabara de jantar? Quando tentei, ela recuou com um sorriso e me deu um boa noite amigável. Mais complicado ainda foi decidir como cumprimentar um grupo formado por uma mulher indiana, um homem chinês e uma mulher australiana. Sem saber o que fazer, os quatro decidiram deixar as saudações de lado.
Esse tipo de coisa sempre foi um problema, mas está piorando. Antigamente, o princípio era ‘quando em Roma, faça como os romanos’. Portanto, quando em Roma, dávamos um beijo em cada lado do rosto das pessoas que conhecíamos razoavelmente bem. Na Holanda, eram três beijos nas bochechas. Na Rússia, você pode esperar um abraço de urso, no Japão, uma inclinação para a frente e, na Índia, mãos juntas e um ‘namaste’. Nos Estados Unidos e na Alemanha, temos um aperto de mão do tipo esmaga ossos. No Oriente Médio, algo mais parecido com um aperto de mão delicado. Mas a globalização dos negócios tornou as coisas mais complicadas. Não sabemos mais quais culturas prevalecem sobre as outras. É a do país anfitrião? É a da maioria das pessoas na sala? Como ninguém sabe, o que tende a acontecer é uma confusão geral, uma ‘luta livre’ embaraçosa. Vivemos em um estado de tensão permanente no que diz respeito aos cumprimentos.”
Trecho do artigo Cumprimento em encontros globalizados são um inferno, de Lucy Kellaway
Publicado terça-feira, 1 de outubro de 2013 às 4:13 pm e categorizado como Blog. Você pode deixar um comentário, ou fazer um trackback a partir do seu site.