O humorista Juca Chaves avisa: está escrevendo uma autobiografia não autorizada.
O humorista Juca Chaves avisa: está escrevendo uma autobiografia não autorizada.
“No direito autoral, o autor deve obter uma porcentagem do lucro advindo da exploração comercial de sua obra. Se um editor publica o seu livro, deve lhe pagar parte da receita das vendas. Se um intérprete grava a sua música, idem. Se uma emissora de rádio a toca, ibidem. Toda vez que houver reprodução dessa obra, com finalidade comercial, o pagamento é devido. Mas o pressuposto é que a obra seja reproduzida, isto é, explorada em sua integridade formal. Se, entretanto, um crítico de literatura escreve um ensaio sobre a obra de um autor, a cobrança é indevida, pois se trata de uma nova obra, logo uma nova autoralidade (essa sim deve receber royalties de sua editora). Os limites entre a reprodução de uma obra e o que deve ser considerado uma nova obra não são claros, e se tornaram mais confusos com o surgimento de novas tecnologias. Assim, por exemplo, se alguém faz um mashup, usando uma parte de uma obra e misturando-a com partes de outras obras, estamos diante de reprodução ou nova autoralidade? Na minha opinião, de nova autoralidade, diante da qual não cabe pagamento de direitos nem mesmo necessidade de autorização.
Pois bem, sob esse aspecto da autoralidade, o que é uma biografia? Se é que se pode considerar a vida de um biografado uma forma, ela necessariamente não é reproduzida numa biografia. Uma biografia se serve de fragmentos da vida de um indivíduo (Barthes lhes chamava ‘biografemas’) e os seleciona, edita, compõe, interpreta, perfazendo uma nova forma, logo uma nova obra e, consequentemente, nova autoralidade. Portanto, quanto à autoralidade, uma biografia está para uma vida assim como um texto crítico está para a obra que explora. Não cabe divisão de direito autoral entre biógrafo e biografado porque só o primeiro é autor de uma biografia. O segundo ‘apenas’ serviu de base para essa nova construção.”
Se Deus ajuda quem cedo madruga, imagine o quanto abençoa aqueles que nem sequer dormem.
“Prefiro morrer do que perder a vida.”
“Qual a diferença entre o real e a ficção? A ficção precisa ter credibilidade.”
“Quando eu era pequena, não entendia por que o governo mandava todo mundo usar camisinha. Apareciam uns artistas na tevê repetindo a recomendação federal muito sérios, como se fosse uma questão de vida ou morte, e nunca explicavam ao certo o que havia de errado com o restante do guarda-roupa. E mais: qual o tamanho máximo do referido item da indumentária, em proporção ao torso do indivíduo? Qual a diferença entre camisinha, camiseta e camisola? Eu realmente imaginava cidadãos em trajes muito apertados, cumprindo seus deveres cívicos, e olhava desconfiada para os que andavam por aí com roupas folgadas. Um pouco mais tarde, encontrei umas edições velhas da revista Capricho e fui me instruir. Àquela altura, as crianças da rua já circulavam informações mais precisas sobre a origem dos bebês (sem repolhos ou cegonhas nessa equação), mas pairava uma certa dúvida sobre o verdadeiro significado de sexo oral: seria só ficar falando sacanagem ao telefone? Teria algo a ver com dentistas?”
“Homem e mulher na cama.
– Foi bom?
– Foi.
– Muito bom ou só bom?
– Francamente, eu…
– Está bem. Me dá uma nota. De zero a dez, que nota você me dá?
– Sete.
– Sete?!
– Você quer que eu minta, Haroldo? Estou sendo franca. Você me pediu uma…
– Peraí. Que foi que você disse?
– Eu disse que estava sendo franca.
– Não, antes. Você disse ‘Você quer que eu minta, Haroldo’.
– É.
– O meu nome não é Haroldo!
– Não é?
– Grande. Você me confundiu com outro.
– Se você não é o Haroldo, então quem é?
– E eu vou dizer? Com nota sete, eu vou dizer quem eu sou?”
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