Somos mais criaturas do desejo que da razão?
Somos mais criaturas do desejo que da razão?
“- É verdade que você recusou uma oferta para filmar em Hollywood com Tarantino?
– Sim, é.
– E por quê?
– Porque me ofereceram o papel principal, mas eu teria que fazer um traficante mexicano. Perguntei ao produtor por que os mexicanos sempre têm de fazer os traficantes se os maiores consumidores em nível planetário são os ianques.
– E o que ele respondeu?
– Bom, a resposta que ele me deu me incomodou tanto que confirmou minha escolha de não filmar com Tarantino. Me disse: ‘Então é uma questão de dinheiro. Diga quanto você quer que pagamos. Você coloca o preço’. Quer dizer, não podem chegar a ver nem a compreender que existem códigos fora do dinheiro que alguns de nós temos, entende?
– Mmm… Não. Na verdade, não.
– Como não? Ale, você é esperto, tem que entender o que falo…
– Mas você poderia ter ganho mais dinheiro.
– Mais dinheiro? Ser milionário? Pra quê?
– Como pra quê? Para ser feliz.
– Feliz com mais dinheiro? Do que você está falando?
– Bom, todos queremos ter mais dinheiro para ser felizes.
– Ale, eu tenho dinheiro. Tenho um carro importado de alto nível. Como o que quero no café da manhã, no almoço e no jantar, e posso tomar dois banhos quentes por dia. Você tem ideia de quantas pessoas no mundo podem tomar dois banhos quentes por dia? Muito pouca gente, entende? Por não me considerar um excelente ator, sempre digo a mim mesmo que tive sorte. Neste mundo capitalista selvagem, sou um cara de muita sorte. Eu sou um privilegiado entre milhões de pessoas. E mais, tenho a sorte de poder ver isso em mim, o que me permite ter uma boa conta bancária e não acreditar nela. Posso me ver de fora e dizer: ‘Puta, que louco, que sorte você teve’.
– Mas você filmaria em Hollywood… E não pode negar que do Tarantino ao Oscar seria um pulo…
– Acho que não sei me explicar direito. Já estive na cerimônia do Oscar e não gostei, tudo é de plástico dourado, até as relações entre as pessoas. Fui, aproveitei, mas esse mundo não é o meu, não é o que elegi nesta vida.”
“Se a vida não faz sentido
por que é que morrer
haveria de fazer?”
“no princípio era o verbo
uma vaga voz sem dono
vagando pela via láctea.
depois veio o sujeito
e junto com ele todos
os erros de concordância.”
“Três amores… Quem me deu
Tão estranha sorte assim?
Três amores, tenho-os eu
E nenhum me tem a mim!”
“Já deu pra perceber o que eles fazem
Em vez de fantasias, usam disfarces
Em vez de mergulhar, só ficam na margem
Sem se arriscar
E querem mandar
Constroem colossais igrejas e shoppings
Enchendo cofres com dinheiro dos pobres
Espalham medo com impulsos de morte
E querem bem mais
Querem mandar
Derrubam a floresta pra plantar grama
Sorrindo na revista em troca de fama
E acham que só é feliz quem reclama
Sem precisar
Querem mandar
Limitam os assuntos e territórios
Só lavam sua culpa nos purgatórios
E ganham dividendos nos escritórios
Pra desperdiçar
E querem mandar”
As competições acontecem nos Estados Unidos. Leia mais sobre o assunto aqui
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