O oprimido também pode ser o opressor?

“A minha independente neta Natália, nascida para libertar as mulheres como eu do terrível jugo masculino, só descansará em paz quando alcançar a magreza de ossos das adolescentes olheirentas que agora fazem as vezes das estrelas de cinema nas revistas.  Entristece-me vê-la perder a beleza sem dar por ela, marchando inconscientemente nas fileiras da indústria de morte que domina o mundo. Já não se fazem Marilyns Monroes a partir de Normas Jeans com ancas, barriga e seios. E não sei se será sensato pôr as culpas todas nos homens, querida Natália, porque talvez faça falta à libertação total de que vocês andam a tratar essa capacidade de amar a celulite, as lágrimas, as rugas e as ancas largas de uma mulher que só os homens parecem, apesar das campanhas contrárias, teimosamente manter.”

Trecho de Nas Tuas Mãos, romance de Inês Pedrosa 
 

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