“(…) a crise dos 40 anos não era nenhum mito: ela tinha começado a afetar pessoas ao meu redor, e a afetá-las de maneira violenta. Eu tinha conhecidos que estavam quase enlouquecendo de tanto desespero. O que estava faltando? Mais vida. Aos 40 anos a vida até então vivida, sempre de maneira provisória, tornava-se a própria vida, e essa ocorrência acabava com todos os sonhos, destruía todas as esperanças de que a verdadeira vida, a vida desejada, com todas as coisas grandiosas que as pessoas sonham em fazer, estivesse em outro lugar. Ao completar 40 anos as pessoas compreendiam que tudo estava aqui mesmo, em tudo que há de pequeno e cotidiano, já pronto, e que assim seria durante todo o tempo futuro (…).”