“No ensaio Um Enforcamento, George Orwell observa o condenado que se dirige ao cadafalso deviar-se de uma poça d’água. Para Orwell, isso representa exatamente o que ele chama de ‘mistério’ da vida que está para ser eliminada: mesmo sem nenhuma boa razão para tal, o condenado ainda se preocupa em não sujar os sapatos.”
“Quer o destino que eu não creia no destino.”
“Não pediam futebol alemão na seleção brasíleira? Pois tomem Dunga!”
“Não é que o inferno sejam exatamente os outros. Pior do que isso é saber, implicitamente, que eu é que sou o outro do inferno deles. O inferno são os outros é quase como dizer: o inferno sou eu.”
“Toda expressão violenta intenciona escamotear a ausência de poder, de acordo com Hannah Arendt. O poder é atribuído pelo outro, não pode ser arrancado ou imposto a alguém. Os que se acham poderosos e se a autorizam a tripudiar vivem psiquicamente na condição impotente e a isso reagem com violência.”
“Assim como pimenta no uropígio do próximo é refresco (alieno culo piper refrigerium, no sábio dizer de Terêncio, ou Sêneca, ou Juvenal, ou alguém assim — ninguém vai checar), o trabalho alheio parece sempre mais fácil que o nosso. Há muitos e muitos anos, o famoso cronista José Carlos Oliveira, talvez o mais lido do seu tempo, de vez em quando levava a máquina de escrever para o bar. Lá pedia seu drinque e escrevia sua crônica. Um dia, um visitante deslumbrado foi apresentado a ele e comentou, emocionado:
— Se eu escrevesse assim como o senhor, nunca mais trabalhava!”
Webmaster: Igor Queiroz