O tempo que se foi
– alguém duvida? –
é uma foice que
ceifa da gente
o tempo que nos resta.
Por isso há quem diga
foi-se o tempo
como se dissesse
foice, o tempo.
O tempo que se foi
– alguém duvida? –
é uma foice que
ceifa da gente
o tempo que nos resta.
Por isso há quem diga
foi-se o tempo
como se dissesse
foice, o tempo.
“Tudo que eu digo, acreditem
Teria mais solidez
Se em vez de carioquinha
Eu fosse um velho chinês”
“Miguel: Oi, Tereza, tudo bem?
Tereza (sentando): Tudo. O que que você queria falar comigo de tão importante?
Miguel: Quer tomar alguma coisa?
Tereza: Não, eu preciso voltar pro trabalho.
Miguel: Bom, não sei se você se lembra, mas faz uns três anos que a gente transou.
Tereza: Que que tem?
Miguel: Eu acho que chegou a hora de te falar. Você é mãe, Tereza.
Tereza: Como assim?
Miguel: Eu adotei um filho no dia seguinte da nossa noite.
Tereza: Quê?
Miguel: Eu acho que você tem o direito de saber.
Tereza: Pera aí, mas quem adotou o filho foi você.
Miguel: Adotei no nosso nome, Tereza. Aquela noite foi muito especial.
Tereza: Você tá maluco?
Miguel: Ele se chama Afonso, igual seu pai. Achei que você ia gostar.
Tereza: C…, Miguel! Esse filho não é meu.
Miguel: Agora é fácil falar.
Tereza: Foi você que adotou.
Miguel: A gente não usou camisinha, Tereza.
Tereza: F…-se. Eu uso pílula.
Miguel: Parece que não é 100%, né?”
“Em 28 de março de 1941, Virgínia Woolf encheu os bolsos de pedras e entrou no rio Ouse. O marido, Leonard Woolf, era obsessivamente meticuloso e manteve na vida adulta um diário no qual registrava todos os dias as refeições e a quilometragem do carro. Aparentemente, não houve nenhuma diferença no dia em que sua mulher se suicidou: ele registrou a quilometragem do carro. Mas, diz sua biógrafa Victoria Glendinning, a página dessa data está borrada, com ‘uma mancha amarela pardacenta que foi esfregada ou enxugada. Podia ser chá, café ou lágrimas. É o único borrão em todos os anos de um diário impecável’.”
“Meu amor, quando eu te vejo
Fico a suspirar
Por que é que tu não vê
Que eu vivo a te esperar?
Passarinho na gaiola
Vive sempre a cantar
Passa fome, passa sede
Sem pedir, sem reclamar
Mas existe a diferença
Passarinho eu não sou
Minha fome, minha sede
É teu carinho, é teu amor”
“Há alguns meses, me ligam toda semana da Caixa pra falar com um tal Fábio. Eu digo que não é daqui e peço pra tirarem o meu telefone do cadastro. Não adianta, claro. Acabei registrando o telefone no meu celular como FDPs. Ontem me ligaram e, já sabendo que era eles, atendi com voz de velório:
– Alô?
– Bom dia, é da Caixa Econômica Federal. Gostaria de falar com o senhor Fábio.
– O senhor Fábio morreu.
– O senhor era o que dele?
– Irmão.
– Já levaram os documentos na Caixa pra dar baixa? (Sério, sem um ‘meus pêsames’ nem nada.)
– Não tenho condições de falar sobre isso agora. Não me liguem mais.
Enfim, me ligaram de novo hoje, mas caiu antes de eu atender. Eu ia dizer que o senhor Fábio mudou pro telefone 4004-8844 (o televendas da Net).”
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