“Aos ativos falta, habitualmente, a atividade superior: refiro-me à individual. Eles são ativos enquanto funcionários, comerciantes, eruditos, isto é, como seres genéricos, mas não enquanto pessoas perfeitamente individualizadas e únicas. Nesse aspecto, são indolentes. A infelicidade das pessoas ativas é a sua atividade ser quase sempre um tanto absurda. Não se pode, por exemplo, perguntar ao banqueiro, que junta dinheiro, qual o objetivo da sua incansável atividade: ela é irracional. Os homens ativos rolam como rola a pedra, em conformidade com a estupidez da mecânica. Todos os homens se dividem, como em todos os tempos também ainda atualmente, em escravos e livres; pois quem não tiver para si dois terços do seu dia é um escravo, seja ele, de resto, o que quiser: político, comerciante, funcionário, erudito.”
“Baby, dê-me seu relógio que eu quero saber
Quanto tempo falta para lhe esquecer”
“Vivemos cada vez mais rápido e não sei se conseguiremos diminuir a velocidade. A aceleração ganha cada vez mais setores de nossa existência _o que gera problemas, pois nem tudo pode andar mais rápido. Na educação, por exemplo, não podemos andar mais rápido. Aquisição de conhecimento demanda paciência.”
“À uma da manhã de algum dia de semana, quando passavam em frente aos bares do Baixo Gávea (Rio de Janeiro, 1973), o motorista estacionou o ônibus, apertou o botão de abrir a porta _que fez aquele barulho de pneu furado_, olhou pra trás e gritou pra meia dúzia de passageiros semimortos, parte deles dormindo com a cabeça contra o vidro da janela:
– Pausa para o chope do chofer!”
“Se tivesse água aqui em casa, também beberia!”
“Estou indo, peguei meu boné.
Quero dizer a cada um que foram os melhores 30 anos de minha vida esses que passei no Ministério Público. Ter sido promotor de justiça foi um grande barato. Descobri e continuo descobrindo que podemos melhorar a vida das pessoas, que somos protagonistas e seremos protagonistas da construção republicana e democrática do Brasil. (…) Ao contrário do que gostaria de dizer, se pudesse, não faria tudo da mesma forma que fiz. Teria a mão menos pesada quando a tive pesada (faz tempo isso), soltaria mais a alma e a voz e prenderia menos pessoas. (…) Não precisaria ser autoridade o tempo todo e faria questão de me sentar na arquibancada. Nem por decreto, por nada neste mundo, subiria nos malditos elevadores privativos. Jamais. Na audiência, chamaria todos pelo nome, inclusive e principalmente o réu e a vítima. Chamar as pessoas pelo nome lhes dá a humanidade que essas expressões consagradas retiram. (…) Serviria café à tia do café. (…) Respeitaria menos quem exigisse ser respeitado pelo cargo, função, idade ou possibilidade de nos prejudicar. (…) Escreveria mais coisas da vida e menos coisas da lei nos processos ou inquéritos. (…) Jogaria fora, poria no lixo, os carimbos. Diria apenas ok e seguiria o filme. Temos carimbos demais, carimbamos demais. (…) Nunca os suportei e talvez suportaria ainda menos aqueles que dizem que vivemos uma Guerra Contra o Crime (…). Não existe guerra alguma e estamos prendendo irmãos iguais; sociedade alguma é ordeira, principalmente a que espanca crianças, mata homossexuais, mulheres e tem sua polícia a executar pretos e pobres na periferia. Afundaria em um lago distante quem dissesse que a lei confere direitos demais aos criminosos. (…) Abraçaria mais as mulheres do busão e atenderia quem tivesse os filhos presos com mais atenção, toda a atenção, e não mediria esforços para que não fossem humilhados nas visitas às cadeias.”
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