Arquivo de março de 2015

segunda-feira, 9 de março de 2015

Estamos, afinal, em 2015 ou 1938?

“Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guardas-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.”

Elegia 1938, poema de Carlos Drummond de Andrade
Interpretado por Caetano Veloso

segunda-feira, 9 de março de 2015

A idade adequada


– Nós combinamos de deixar as revistas que degradam as mulheres fora do alcance das crianças.
– Bacana. Mas você faz alguma ideia de quando ele deveria ver imagens degradantes de mulheres? Aos oito? Onze? Quinze? Vinte e cinco?

Cartum de Jacky Fleming
(clique na imagem para ampliá-la)

sexta-feira, 6 de março de 2015

Tudo o que sei do amor é nada?

O Amor Bate na Aorta, poema de Carlos Drummond de Andrade
Interpretado por Drica Moraes

quinta-feira, 5 de março de 2015

Sobre a arte de procrastinar

– Para quando é o relatório?
– Para ontem, rapaz!
– Que bom! Então não preciso mais fazê-lo?

quarta-feira, 4 de março de 2015

Do pó ao pó

– Mestre, como posso alcançar a imortalidade?
– Por meio da criação ou da procriação.
– Quer dizer: ou invento alguma coisa, ou tenho filhos. Certo?
– Certo.
– Só existem essas duas maneiras?
– Só. E ambas são ilusórias.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O furão pegou carona ou pagou passagem?


“O pica-pau é conhecido ali na mata como um empreendedor. Há pouco tempo, inaugurou um serviço de passeios panorâmicos.”

Comentário de um internauta no site F5, depois de ver a magnífica imagem captada pelo fotógrafo amador Martin Le-May

terça-feira, 3 de março de 2015

Sexismo

“Eu e a minha filha no elevador. Uma vizinha entra:
– Que gracinha, de mãozinha dada com a mamãe! Cadê o papai?
– Tá em casa.
– Me conta um segredo? De quem você gosta mais, da mamãe ou do papai?
– Do papai.
– Você pode responder que gosta igual, sabia, Tina? – eu esclareço. Não precisa escolher um.
Ela pensa um pouco e me olha:
– Eu gosto mais do papai, mesmo.”

Da escritora e jornalista Liliana Prata

terça-feira, 3 de março de 2015

Danem-se os apartamentos em área nobre?

“A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar”

Trecho de A Nossa Casa, música de Arnaldo Antunes, Alice Ruiz, Paulo Tatit,
João Bandeira, Celeste Moreau Antunes, Edith Derdik e Sueli Galdino

Interpretada por Maria Bethânia

terça-feira, 3 de março de 2015

Caretice pode ser rebeldia?

“1970. Minha mãe, 18 anos, estudante da ECA, anuncia para o pai, desembargador:
– Pai, estou apaixonada, vou abandonar a faculdade, me casar com o Jary (estudante de Filosofia, maconheiro e militante da Polop) e fugir com ele para o Chile.
2015. Minha filha de 9 anos, aplicada aluna de um colégio alemão, anuncia:
– Pai, vou fazer aula de catecismo com as minhas amiguinhas.
Os filhos sempre matando os pais de desgosto.”

Do escritor e jornalista Tom Cardoso

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ilha caucasiana

“Nas séries Friends e Seinfield, eles vivem no meio de Manhattan e não conhecem nenhum negro, asiático ou hispânico. Como assim?”

Da atriz Whoopi Goldberg
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