“Basta sair na rua com um filho pequeno para escutar as perguntas ‘qual o seu time?’, ‘você é flamenguista/corintiano?’ o tempo todo. Que imposição mais chata essa! É o tal do machismo enfiado goela abaixo! Nem o pai do meu filho, nem o pai do pai dele, nem meu pai, nenhum homem da família desse garoto nunca quis saber de futebol. Muito menos a mãe dele. Portanto, não temos time e, se um dia ele quiser, ele terá, mas porque quis, não porque foi obrigado Da mesma forma que não sou obrigada a comprar um tênis de corrida com detalhes pink só porque sou mulher, mas vai tentar achar um modelo com cores neutras pra você ver que fácil que é.”
“Apesar de a gente viver numa época bem individualista, considero que os problemas do Brasil merecem cuidados com a força de um espírito comunitário. Quanto mais juntos nós estivermos, melhor país nós seremos. Lógico, cada um de nós tem seus desejos, mas esse espírito comunitário de mobilização, que é bem diferente de manifestação, é que a gente tem de perseguir dia após dia. A mobilização é diferente da manifestação, pois ela te convoca todos os dias, você contempla e enfrenta os problemas todos os dias. Já as manifestações são realizadas esporadicamente. Um desejo que tenho é de ver um número maior de mobilizações em nossa sociedade.”
Reduza o tamanho do carro que você está dirigindo.
“Viver devagar é que é bom (…). Viver, afinal, é questão de paciência.”
“‘Olá, sou Ifemelu’, apresentou-se a nigeriana.
‘Que nome lindo’, disse Kimberly. ‘Significa alguma coisa? Amo nomes multiculturais porque eles têm significados maravilhosos, de culturas maravilhosas e ricas.’ Kimberly estava dando o sorriso benevolente das pessoas que pensam que ‘cultura’ é uma propriedade estranha e pitoresca de pessoas pitorescas, uma palavra que sempre tinha de ser acompanhada do adjetivo ‘rica’. Ela jamais acharia que a Noruega tinha uma ‘cultura rica’.
‘Eu não sei o que significa’, disse Ifemelu, sentindo, sem precisar ver, a expressão levemente divertida no rosto da amiga Ginika.
‘Quer um chá?’, perguntou Kimberly, indo até uma cozinha de cromados brilhantes, granitos e espaços vazios que indicavam opulência. ‘Sempre tomamos chá, mas é claro que temos outras opções.’
‘Um chá seria ótimo’, disse Ginika.
‘E você, Ifemelu? Sei que estou destruindo seu nome com minha pronúncia, mas é realmente um nome lindo. Lindo mesmo.’
‘Não, você disse direitinho Aceito uma água ou um suco de laranja, por favor.’ Ifemelu mais tarde se daria conta de que Kimberly usava a palavra ‘lindo’ de uma maneira peculiar. ‘Vou encontrar minha amiga linda do mestrado’, dizia ela, ou: ‘Estamos trabalhando com essa mulher linda no projeto para o centro da cidade’, e as mulheres a quem se referia sempre acabavam sendo pessoas de aparência nada extraordinárias, mas negras. Um dia, mais para o fim do inverno, quando ela estava com Kimberly naquela mesa enorme da cozinha, tomando chá e esperando que as crianças chegassem de um passeio com a avó, Kimberly disse: ‘Ah, olhe que mulher linda’, e apontou para uma modelo sem graça numa revista, cuja única característica diferente era uma pele mais escura. ‘Ela não é incrível?’
‘Não é, não.’ Ifemelu fez uma pausa. ‘Sabe, você pode simplesmente dizer que uma pessoa é negra. Nem toda pessoa negra é linda.'”
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, e a utopia se afasta dois passos. Caminho dez passos, e o horizonte corre dez passos. Por mais que caminhe, jamais os alcançarei. Então, para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
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