“Para mim, a coisa mais terrível seria sentir que concordo com o que já disse e escrevi. Isso me tornaria ainda mais desconfortável, pois significaria que parei de pensar.”
“Para mim, a coisa mais terrível seria sentir que concordo com o que já disse e escrevi. Isso me tornaria ainda mais desconfortável, pois significaria que parei de pensar.”
“Houses live and die, relembro, olhando para as casas baixas cercadas, ao longe, pela barreira de edifícios: todo um memento mori. Não podia imaginar então, nos meus 12, 13 anos, quando eu mesmo era parte dessa paisagem; não podia imaginar que um bairro também envelhece. Não falo de se tornar antigo, pitoresco: digo velho, sujo, decadente, porque os donos das casas morreram e as viúvas como minha mãe têm quase 90 e não têm vontade de deixar entrar trabalhadores… E , no entanto, digo para mim, alguma coisa mais fundamental do que as casas sobrevive. Mas o quê?”
“Note
O que a gente nutre
Um dia desses repercute
Reverbera
Tome nota, escute
Toda espera tem seu ajuste
Note
Mas não se assuste
Toda noite tem seu lustre
O que não é pra já
Talvez seja pra Júpiter”
“O Brasil está vivendo uma notória insatisfação, não só com o governo. Insatisfação com a falta de utopias, de perspectivas históricas, de ideologias libertárias. Desde junho de 2013, quando houve aquela grande manifestação atípica, porque não houve nenhum partido, nenhuma liderança, nenhum discurso. E foi uma enorme manifestação, em que as pessoas protestavam, havia protesto, mas não havia proposta. Isso chamou muito a minha atenção. E quando – isso é até terapêutico – a gente entra em amargura e não vê solução, não vê saída, a gente não consegue equacionar racionalmente o que está vivendo. Não consegue buscar as causas e as perspectivas. Fica tudo no emocional. Eu tenho dito a amigos que a minha geração vivenciou grandes divergências políticas na ditadura, mesmo entre a esquerda, divisão entre siglas de A a Z. Mas o debate era racional. Debatia-se em cima de projetos, programas, perspectivas históricas. Hoje, o debate é emocional. É como briga de casal em que o amor acabou.”
“Como é sua rotina diária?
Acordo cedo, por volta das 6h30, tomo café e levo as crianças para a escola. Na volta, ando na esteira e, depois, me sento à beira da cama para escrever com uma caneta e um caderno. Quando tenho o filme todo escrito dessa maneira, vou para a máquina de escrever, e essa é a parte que odeio, mas ninguém pode fazer por mim, porque minhas anotações nos cantos dos cadernos são incompreensíveis para alguém de fora. Datilografo uma cópia e vou para a cama de novo para ajustá-la.
Você não tem um computador?
Não. Uso a mesma máquina de datilografar desde que comecei a carreira. Tinha 16 anos quando a comprei por US$ 40. É uma Olympia portátil, que funciona bem até hoje. Só precisei mudar a fita nestes 60 anos.”
“O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.”
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