“pegue uma frase qualquer, extraída de um ensaio filosófico. digamos, essa: ‘a capacidade de receber representações dos objetos segundo a maneira como eles nos afetam, denomina-se sensibilidade’, de kant. em seguida, inicie um processo lento de carícia semântica. acaricie as palavras ‘capacidade’, ‘receber’ e ‘representações’, fazendo movimentos circulares com os dedos polegar e indicador sobre cada uma delas, de modo a amaciá-las até que elas fiquem tenras. reserve. depois de cerca de cinco minutos, você verá que elas terão se transformado em ‘girassóis amarelos’ ou ainda ‘gravata florida’. passe agora para as palavras restantes: ‘objetos’, ‘maneira’, ‘afetam’ e ‘sensibilidade’. dessa vez, aperte suavemente as consoantes, girando os dedos na horizontal e na vertical, até que você sinta cederem a resistência e a rigidez, dando lugar a um relaxamento total, quando então as palavras passam a topar qualquer parada, até virarem, praticamente, literatura. vá dormir. quando você acordar, surpresa: encontrará palavras calmas, descansadas, dizendo coisas desse tipo: ‘a pintura de girassóis amarelos me faz um bem danado’ ou ‘aquela música do jorge benjor, caceta!'”
“Segundo Michel Temer, o ministro Romero Jucá ‘solicitou’ seu afastamento. Tudo bem, fez isso depois de se aconselhar com Elvis Presley, que está vivo.”
“Não existe final feliz. Se for feliz, ainda não é o final.”
Só se pode curar o corpo quando consolamos a alma?
“Injusto dizer que o país está mal representado no ministério do Temer. Há de tudo no ministério: racistas, machistas, tudo. Richard Nixon certa vez defendeu uma nomeação sua que estava sendo muito criticada com a sábia frase: ‘A mediocridade também precisa ser representada’. Temer não esqueceu os medíocres. Foi mais longe, na sua preocupação de montar um retrato fiel da população. Lembrando o número de brasileiros sendo investigados pela Operação Lava-Jato, Temer fez questão de incluir quatro investigados no seu ministério, para manter o principio da proporcionalidade.”
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Webmaster: Igor Queiroz